Juliano Ribas

Juliano Ribas de Oliveira, 51 anos, é publicitário e Sócio Furacão. Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2007 e depois entre março e junho de 2009.

 

 

Dignidade

14/08/2006


Quando o Atlético entrar em campo no próximo jogo, estará na zona do rebaixamento. Um fato triste e preocupante. É necessário recuperar a dignidade para sair dessa. Perder jogos, passar por uma fase complicada é até normal. Mas o que não pode acontecer é tombar sem luta. O que vimos em Caxias foi um time que não foi digno da vitória. O que vimos foram jogadores que não são dignos de vestir a camisa rubro-negra.

O afastamento do jogador Dagoberto é a primeira medida para trazer a dignidade de volta. Desculpem-me, mas não consigo mais vê-lo jogar com a nossa camisa, desisti dele. Seu descaso com o grupo e com o clube é claro. Sua expulsão foi estúpida, merecedora de uma punição grande por parte do clube. Prejudicou o Atlético. Sabe-se lá o que falou ao árbitro, mas pouca coisa não foi, para tomar o vermelho instantâneo. O Dagoberto pensa que está acima do bem e do mal. Acima do Atlético, acima dos colegas, acima das leis. Talvez sempre ache que nada vai acontecer com ele, que se dará bem no final das contas. Está acostumado a não ter punição.

Dagoberto exerce uma influência negativa. Suas declarações, cada vez mais pedantes, suas ações, cada vez mais inconseqüentes, seu desrespeito com seus superiores em entrevistas, já são motivos suficientes para uma punição. Mas, a pedido do treinador, está lá, em campo, jogando com toda a empáfia de moleque mimado e estragado. Isso dá a impressão aos outros atletas do grupo que o Atlético não tem comando, que não tem ordem. E, num momento desses, o que o Atlético mais precisa é de ordem, comando, disciplina, pulso, de cima para baixo. Os jogadores precisam saber que jogar no Atlético é uma grande honra. Que vestir a camisa rubro-negra é um privilégio.

Os salários estão em dia, a estrutura é de primeiro mundo, o material usado é de primeira, o gramado dos campos de treino é um veludo. Está na hora de alguém exigir o retorno por parte dos jogadores. Que honrem suas famílias e dêem o algo a mais. Precisam ter vergonha de mostrar o que vimos ontem. Precisam entender que podem fazer muito mais e só não o fazem porque falta compromisso, de cada um com seu colega, de cada um com sua família, de cada um com seu emprego. Este time pode sair dessa, mas é preciso um grande ação em busca da dignidade, e isso deve partir de cima para baixo. Está na hora de dar murro na mesa, de cobrar, de exigir que mostrem os brios. Está na hora de cada um colocar o que tem de melhor, mostrar seu caráter. O único que tem mostrado o caráter é o Dagoberto e o que vemos, infelizmente, é um péssimo caráter. Os outros estão escondidos.

Temos uma semana pra pôr ordem na casa. Reunir os jogadores e perguntar se alguém está desmotivado. Se estiver que vá embora. Não existe motivação maior que defender o Atlético, quantos atleticanos não gostariam de estar no lugar de cada um daqueles jogadores. O campeonato é bastante nivelado e a vontade de vencer é que faz a diferença. A vergonha na cara, a honra, a raça e os brios. É isso que a gente deve exigir. Ficar dizendo que o time é uma porcaria, que é fraco, que isso ou aquilo não vai adiantar nada. É hora de um "basta", e quantas vezes na história do Atlético um "basta" salvou o clube. Foi com um "basta" que Mario Celso Petraglia iniciou a maior revolução de um clube na história do futebol brasileiro. Está na hora de um novo "basta!".

Exigir dignidade e honra. Punir exemplarmente a laranja podre que infecta os outros. Mostrar publicamente que se está buscando resolver os assuntos internos mais urgentes. Fazer da equipe um time de gente de caráter forte. Muita gente fala que perdeu o tesão. Eu não. Nunca vou perder. Não desanimo nem esmoreço. Nunca achei divertido perder, nem quando perder era a regra na nossa vida. E acredito que é esse sentimento que todos devemos ter e devemos exigir. Lutar, sem desânimo, sem mau caratismo, sem frouxidão.

"Hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás. Hasta la victória siempre". Retirando as ideologias dessas frases, temos uma boa mensagem para o Atlético. Está na hora de endurecer. Está na hora de vencer. Está na hora do espírito atleticano aparecer em 2006.


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