Sérgio Tavares Filho

Sérgio Juarez Tavares Filho, 45 anos, é jornalista e morou até os 12 anos em Matinhos, litoral do Paraná. Acompanha o Atlético desde que nasceu e vive numa família 100% rubro-negra. Até os cachorros se chamam Furacão e Furacão Júnior. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2009.

 

 

Sem graça

13/08/2006


Nunca pensei que ia sentir saudades de Roberson, Pirata, Marcelo Telinha, Tanielton, Carlinhos Pé-de-vento, Pavãozinho e João Carlos Cavalo. Nunca. Figuras exóticas das décadas de 80 e 90 do Atlético pelo menos serviam para dar risada em lances bisonhos no gélido Pinheirão. Hoje, muito tempo depois, nem risada eu consigo dar de André Rocha, Alex, Cristian, Ivan, Denis Marques, Herrera e Fabrício. Nem nomes engraçados eles têm. Parece que saíram das páginas de Dan Brown para figurar no elenco Rubro-Negro.

A alegria que os jogadores do passado me trazia, era típica de um clube amador, que treinava no Flamenguinho, em chácaras de ex-diretores, no Parque Barigüi ou na Vidraçaria Cometa. O Atlético não tinha um plano de vida. Mesmo assim o torcedor gostava do clube. Ajudava no que era possível e enchia o Pinheirão em bons jogos. Essa história de que o estádio da Federação vivia sempre às moscas é balela. No Brasileiro de 1991, quando ganhou as três primeiras rodadas e passou a ser o azarão do campeonato, a média de público subiu e muito.

Hoje o afastamento do torcedor da Baixada não se dá por causa do preço do ingresso (o qual eu considero justo), mas pela ruindade do time. A insistência no erro irrita a todos que estão do lado de fora do CT do Caju. Ivan é o maior exemplo disso. Ele pode ser um bom rapaz, educado, honesto, trabalhador, exemplo de vida, mas não serve mais para jogar no Atlético. Não tenho nada contra ele, mas em qualquer empresa decente, se o empregado não presta os serviços como o patrão quer, o Recursos Humanos é a única alternativa. E um dos responsáveis pelo RH do time, seria Marcos Moura Teixeira, o diretor desportivo do Atlético. A não ser por Givanildo Oliveira, quando foi explicar os motivos da saída do treinador (precisava explicar?), nunca mais vi o trabalho do primo do Ricardo Teixeira.

O time profissional do Atlético perdeu a graça. O clube não. Ainda sinto orgulho de tudo o que foi criado e que está nas nossas vistas. Só não tenho culpa que tudo aquilo que foi erguido por gente de visão futurística, tenha personagens que fazem parte do passado. Ou há uma mudança radical na maneira com que o Atlético lida com o futebol, ou seremos o exemplo de administração em outra série do brasileiro. E o pior: sem Roberson, Pirata, Marcelo Telinha, Tanielton, Carlinhos Pé-de-vento, Pavãozinho e João Carlos Cavalo para dar risada.


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