Marcel Costa

Marcel Ferreira da Costa, 45 anos, é advogado por vocação e atleticano por convicção. Freqüenta estádios, não só em Curitiba, quase sempre acompanhado de seu pai, outro fanático rubro-negro. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2008.

 

 

Salvem o Atlético enquanto há tempo

07/08/2006


A derrota de sábado me irritou. Perdemos mais um jogo chave por causa dos constantes erros defensivos e falta de poderio ofensivo. E ainda tem gente que acha que jogamos bem, que estamos no caminho certo e o time está evoluindo. Que evolução é esta? Quantos chutes a gol o Atlético deu no jogo? Acredito que nem cinco. O Corinthians também não deu cinco chutes ao nosso gol, mas marcou dois graças à bondade dos defensores atleticanos. Uma partida eletrizante nos primeiros dez minutos e pífia a partir de então.

Faltam apenas quatro rodadas para o final do primeiro turno e o Atlético está encostado na zona de rebaixamento, salvo momentaneamente pelo número de vitórias maior que o Botafogo e saldo superior ao Flamengo e Palmeiras. O sinal de alerta já deveria estar ligado desde antes da Copa do Mundo, mas curiosamente vivemos num mundo de fantasia, encantados por uma vitória magra sobre o fraco Flamengo e satisfeitos com derrotas apertadas, como se perdêssemos jogos por azar, erros de arbitragem ou atuações excepcionais dos adversários. Nada disso acontece, o Atlético perde porque é fraco, cria poucas jogadas de gol, sofre com a ausência de um atacante goleador, não tem padrão de jogo e seu treinador é previsível.

No ano passado vivemos um drama parecido no primeiro turno. Nas dez rodadas iniciais somamos apenas três pontos. Mas a má fase era vista com outros olhos. O time parecia ter qualidade, comprovado no returno, e a Libertadores tomava toda atenção do elenco, treinador e torcida. A recuperação foi fantástica e o Atlético terminou o ano na sexta colocação. Agora o momento é outro. Não temos mais Paulo André, Marcão, Aloísio, Lima e Finazzi, Jancarlos está em má fase, Dagoberto pode ter se despedido sábado e Denis Marques esqueceu como se marca um gol. No banco de reservas está Vadão, um treinador bem menos conceituado e, na minha ótica, qualificado do que Antonio Lopes e Evaristo de Macedo, responsáveis pela campanha atleticana no Campeonato Brasileiro de 2005.

Tempo ainda existe, o nível técnico do campeonato é baixo, mas para escaparmos da segunda divisão são necessários reforços de qualidade e uma reformulação tática do time. Não é possível que em cinco minutos a equipe sofra dois gols iguais. Desatenção geral na marcação na área e uma conhecida avenida pelo lado esquerdo. Michel e César precisam entrar logo no time titular. E, por favor, tragam ao menos um atacante goleador. Nunca vi um Atlético tão fraco ofensivamente como este.

Quando faltarem dez rodadas o campeonato vira uma loteria. Ganhar pontos nesta situação requer qualidade, sorte e calma. Os dois últimos requisitos costumam faltar aos times ameaçados. Exemplo claro é o Coritiba que caiu após empatar um jogo ganho em São Caetano. Jogou bem, mereceu a vitória, mas sofreu um gol no último minuto. Aquele empate condenou o time à degola. Nestas horas até mesmo as arbitragens não são favoráveis a um time paranaense com a corda no pescoço.

Espero que no final do ano eu não precise voltar a escrever tudo isto, pois poderá ser tarde demais. O recado está dado, a fragilidade do Atlético é evidente e nítida, só não enxerga isso quem não quer enxergar mesmo. Excesso de otimismo e paixão causa cegueira nestas horas.


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