Patricia Bahr

Patricia Caroline Bahr, 43 anos, é jornalista e se descobriu atleticana nas arquibancadas do Pinheirão, no meio da torcida, quando pôde sentir o que era o Atlético através dos gritos dos torcedores, que no berro fazem do Furacão o melhor time do mundo. Foi colunista da Furacao.com entre 2002 e 2010.

 

 

Quem não é visto não é lembrado

03/08/2006


Quantas vezes ouvimos coisas do tipo: “futebol é uma caixinha de surpresas”, “futebol não é uma ciência exata”, entre outras coisas do gênero? Pois bem, pode até ser que nem sempre o melhor vença, mas que os melhores sempre estão muito perto de ganhar, isso não tem como negar. Quando não ganham, é por crises de vaidade, brigas de ego, ou uma catástrofe futebolística rara. Em condições normais, o melhor brilha, aparece, é visto e reconhecido – e muitas vezes ganha também. O São Paulo é um bom exemplo. Um time que hoje se dedica ao futebol, que investe em futebol e que tem retornos com o futebol. E o que é melhor: retorno financeiro e também traduzido em títulos de expressão.

Posso até não concordar com os meios que o São Paulo atualmente usa em determinadas circunstâncias. Mas os fins são sempre louváveis: formar um bom time, competitivo, que entra para ganhar tudo quanto é competição. Às vezes não ganha, é verdade... mas sempre está lá, beliscando, aparecendo entre os favoritos, aparecendo para o Brasil, a América e o mundo. Fazendo justiça ao ditado: quem não é visto não é lembrado.

Veja o time deles da final contra o Atlético no ano passado: Rogério Ceni; Alex, Lugano e Fabão; Cicinho, Mineiro, Josué, Danilo, Júnior (Fábio Santos); Luizão (Souza) e Amoroso (Diego Tardelli). Desses, OITO estavam no Morumbi jogando contra o Chivas a semifinal da Libertadores. OITO!!!! Já o Atlético caminhou completamente pelo rumo errado. Desfez-se dos principais personagens daquela Libertadores e não os repôs à altura. Resultado: um clube capenga, muito longe de convencer qualquer torcedor de qualquer coisa.

Agora me digam: tem segredo de planejamento? Claro que não! Quem mantém uma base campeã (e não a sobra, como a gente fez) e ainda se reforça (e não fica contratando promessas que podem dar certo, mas podem não dar) tem muito, mas muito mais chances de chegar à outra final de Libertadores, de liderar o Brasileiro.... e por aí vai.

Não existe melhor estratégia de marketing que bola na rede, gols e títulos. Isso acarreta crescimento da torcida, retorno de mídia, mais patrocinadores, mais venda de camisa.... e uma sala de troféus mais bonita, com uma história mais campeã. Para quem gosta de ciência (e no Atlético tem muita gente que gosta), a ciência dos gols é o objetivo do futebol. E com bons jogadores, boa comissão técnica e um bom planejamento voltado para o futebol ela se torna muito mais simples de ser atingida.

Se a palavra da moda no Atlético é planejamento, taí uma coisa para se pensar: ainda somos um clube de futebol e como tal devemos priorizar o nosso futebol. É uma questão de escolha. Tem gente que gosta de figurar no caderno imobiliário. Outros preferem brilhar nas páginas esportivas.


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