Sergio Surugi

Sergio Surugi de Siqueira, 66 anos, é Atleticano desde que nasceu. Neto de um dos fundadores, filho de um ex-presidente do Atlético, pai e avô de Atleticanos apaixonados, é doutor em Fisiologia e professor. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2009.

 

 

Teimosia e perseverança 2

22/07/2006


Outro dia escrevi uma coluna sobre a diferença entre perseverar e teimar. Naquela oportunidade afirmei que devido à semelhança momentânea entre uma coisa e outra, o que é teimosia, birra e burrice, só se diferencia de perseverança e firmeza de propósitos, embasada em convicções inteligentes e visionárias, depois de algum tempo, quando aparecem os resultados. Pois bem, já sabemos que a manutenção de Givanildo não era perseverança.

Na minha modestíssima opinião, na do colega colunista Marcel Costa e na de aproximadamente 89% dos atleticanos que opinam nas enquetes do nosso site, Givanildo já foi tarde.

Não existem argumentos maiores para justificar a permanência de alguém que comandou uma campanha desastrosa como a que Givanildo teve no Atlético. Era um técnico que não vencia e quando vencia não convencia. Péssimo nas entrevistas, jamais explicava tática e tecnicamente sua conduta como treinador, levantando a suspeita (provavelmente equivocada) de que não entendia da profissão. Em pelo menos uma ocasião, foi extremamente infeliz, quando comparou os psicólogos esportivos a macumbeiros e então levantou a suspeita de que menosprezava o estado emocional do grupo como fator importante para obter vitórias. Acho interessante que o Atlético tente mudar a cultura de detonar treinadores com freqüência e passe a perseverar com bons técnicos, mesmo quando os resultados não são consistentemente bons, mas com o Giva, sinceramente, fica difícil de aturar, pois acima de todos os defeitos que ele parece ter (e que de repente nem são tantos assim), o principal é a falta de energia para nos passar alguma expectativa de melhora durante as crises. Falta-lhe carisma, se não com os jogadores, pelo menos em relação à torcida.

Aparentemente o Givanildo é um homem modesto e honesto, um cara gente finíssima e que talvez até por causa disso, tenha dificuldade para exercer o comando. Escrevo isso baseado no que foi publicado na ocasião da perda do penal por Herrera, no jogo contra o Fortaleza. Naquele dia, surgiu a informação de que o colombiano, mesmo após a saída do batedor oficial, David Ferreira, não era o preferido do técnico para cobrar a falta máxima, porém como pegou a bola e colocou embaixo do braço, o treinador nada foi capaz de fazer.

Infelizmente, foi muito demorada a tomada de posição, provavelmente não por culpa do Giva, que muito cedo manifestou publicamente a vontade de não continuar no Atlético.

Vamos ver quem virá. Eu não arrisco palpite. Fala-se em Vadão, Geninho e já ouvi até o delírio de que Parreira poderia aparecer por aqui. Depois daquela surpresa do Mateus, eu e ninguém, como bem disse o presidente Petraglia, deve duvidar de mais nada no Atlético. Só espero que, de novo, teimosia e perseverança não se confundam.

Bola pra frente e felicidades para o Givanildo, que com certeza não é um profissional incapaz, tem excelente caráter, mas infelizmente não se adaptou no nosso Atlético.

Sua saída, como já foi dito, inclusive pelos nossos diretores, foi boa para todos. Só não concordo com o momento. Tinha que ter sido muito antes.


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