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Patricia Bahr
Patricia Caroline Bahr, 43 anos, é jornalista e se descobriu atleticana nas arquibancadas do Pinheirão, no meio da torcida, quando pôde sentir o que era o Atlético através dos gritos dos torcedores, que no berro fazem do Furacão o melhor time do mundo. Foi colunista da Furacao.com entre 2002 e 2010.
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Fora, Givanildo!
16/07/2006
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“Deveria tê-lo demitido. Não tive a coragem suficiente de fazê-lo. Me arrependo amargamente".
A frase acima é do presidente Mario Celso Petraglia, referindo-se ao técnico Levir Culpi. O desabafo foi em uma coletiva de Petraglia no ano passado, quando revelou que deveria ter demitido Levir antes mesmo do jogo contra o Grêmio, em Erechim, no Brasileiro de 2004. No entanto, a afirmação pode se encaixar no discurso do dirigente neste ano, mudando apenas o personagem: sai Levir, entra Givanildo.
Será possível que a diretoria, os homens que cuidam do futebol atleticano não perceberam ainda que o Atlético não tem um padrão de jogo, não tem nenhuma jogada ensaiada, não tem um único jogador que entre em campo e a gente fale “ah, este vai decidir o jogo”? Será possível que eles estão tão hipnotizados a ponto de acharem normal no ano em que a gente ia priorizar o futebol campanhas pífias em todas as competições em que disputamos até aqui na temporada?
Givanildo pode não ser o único problema do time do Atlético. E de fato não é. Falta ao grupo habilidade, competência, futebol no pé. O time é fraco, talvez o pior da “era Petraglia”. E isso que íamos priorizar o futebol em 2006... Mas se ele não é o único problema, também está longe de ser a solução. Ele disse que chegou no clube no momento errado. Não foi isso. Givanildo não tem a cara do Atlético. Nenhum atleticano se contenta em ver um técnico passivo, apático, sem nenhum vibração no banco de reservas. O Atlético é força, é raça, é fanatismo. Givanildo trilha justamente no caminho inverso. Nem hoje, nem nunca ele será treinador para o Atlético.
Já são quase quatro meses de trabalho no rubro-negro. Givanildo Oliveira teve algo que é o sonho de todo treinador: tempo. Foi um mês para preparar o time para vencer o Volta Redonda. Resultado: empate em casa e eliminação na Copa do Brasil. Depois, foram mais 40 dias para preparar o grupo para vencer o Fortaleza (que hoje foi goleado em casa pelo lanterna do Barsileirão). Resultado: mais um sonolento empate, culminando neste domingo com a derrota para o Paraná Clube.
O problema não são as apresentações do time, a falta de jogadas nesta ou naquela partida, a ineficiência na hora da conclusão, uma ou outra falha na defesa. O problema é que o time não dá sinais de melhora. Parece estar em estado vegetativo, agonizando na UTI, sem a mínima esperança de reação.
Por tudo isso, falta ao Atlético um fato novo. Uma empolgação a mais, uma vibração extra. Falta ao time um comandante no banco de reservas, que dê ao mediano elenco atleticano ao menos vontade para tentar se superar. Givanildo não tem conseguido fazer isso. Nunca conseguiu. Até aqui, sua única apresentação convincente foi no empate no Mineirão. Pouco, muito pouco para um time como o Atlético.
Se Giva justificou “poupar o psicológico de Dagoberto para não colocá-lo em campo”, está na hora dele se poupar psicologicamente. Afinal, se continuar no Atlético, vai ter que se acostumar com os coros de “Fora, Givanildo” vindos das arquibancadas. Para o bem dele e do Atlético, passou da hora dele abandonar o barco. Ou tirarem-no da embarcação, que está prestes a afundar.
O ano do Atlético
O que mais me deixa triste e inconformada nessa seqüência de maus jogos, derrotas e apresentações pífias era que este tinha tudo para ser O ANO do Atlético. Aproveitando que nosso rival local amargava uma segunda divisão, tínhamos A CHANCE para montar um super-time, ganhar de tudo e de todos, conquistar uma grande parcela de torcedores e mostrar definitivamente quem é o maior e melhor do estado.
Mas não, qualquer semelhança entre o 2005 coxa-branca e o 2006 atleticano não é mera coincidência. Eles perceberam tarde demais que a solução seria demitir Cuca em julho, após a derrota no Atletiba, enquanto havia tempo para uma reação. Espero que os erros do rival sirvam de lição para a gente. E que o Coxa não represente para a gente um fantasma acenando: “olha, eu sou você amanhã”.
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