Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Juntando os cacos

11/07/2006


Lá se foi mais uma Copa do Mundo. E, vamos e venhamos, que chatice que parecia interminável! Tudo bem, o fato do Brasil ter sido a grande decepção ajudou bastante, mas o nível técnico foi baixo, os chamados craques brilharam menos do que esperava e não tivemos o melhor ataque na final e sim as melhores defesas.

Aliás, os destaques sem pensar muito são defensivos. Buffon, Materazzi, Cannavaro, Zambrotta, Lehmann, Lahm, Mascherano, Ayala, Dida, Lúcio, Zé Roberto, Miguel, Vieira, Thuram, Maniche, Pirlo, Gattuso, enfim um monte de zagueiros, volantes e goleiros que fizeram dessa Copa a mais chata que vi. Em 1982 ainda era muito novo, lembro apenas da lamentação pela perda, mas de 86 pra cá acompanhei bastante, joguei muito futebol de botão narrando minha Copa do Mundo particular no Estrelão e achei que 1990 na Itália tinha sido uma chatice.

Mas lá ao menos tivemos o brilho de Maradona, a geração guerreira de Matthäus, Klinsmann e Völler, além do iluminado Schilacci, a afirmação de Rob Baggio e os alegres camaroneses jogando um belo futebol. E o Brasil nem chegou a decepcionar, pois nem era esperada muita coisa mesmo. Mas essa geração que jogou 2006 vai ser uma que não deixará saudade. Meu medo no Atlético é que aconteça, como por vezes parece que sim, o que aconteceu com a Seleção Brasileira.

Para alguns, ainda jovens mas já consagrados e milionários, parece que vestir a amarelinha é um saco, um peso, uma obrigação. Os compromissos comerciais, a troca de amistosos de valia técnica por outros de cunho meramente comercial desfiguraram o futebol brasileiro. Marketing, vendas e propagandas são importantes? Sem dúvida nenhuma, mas é só ver como estão Real Madrid e Manchester United, que nos últimos três anos trocaram o foco do futebol para o marketing e ver no que resulta.

As mais recentes contratações atleticanas já foram superficialmente ao menos, mais criteriosas que as anteriores trazendo jogadores experientes, rodados e que chegam prontos para jogar. Nenhum grande destaque, nenhuma certeza de retorno certo, mas as peças foram repostas. Ainda acho pouco para quem pretende chegar bem na Sul Americana ou que aspira vaga na Libertadores do ano que vem, mas já é uma luz. O time é agora ao que parece mais encorpado.

Juntando os cacos, espero que “Mestre Giva” consiga finalmente mostrar a que veio, pois tempo para treinar ele já teve de sobra, vide eliminações precoces no Paranaense e na Copa do Brasil e a parada para a Copa do Mundo.

Nos encontramos na Baixada amanhã à noite. Estou com saudades de nossa segunda casa.

ARREMATE:

“Seus olhos são dois oceanos, não pacíficos.” – Manuel Bandeira


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