Fernanda Romagnoli

Fernanda Romagnoli, 51 anos, é atleticana de coração, casada com um atleticano e mãe de dois atleticanos. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2009.

 

 

Mudei a chave

11/06/2006


Ainda me refazendo dos milhares de pontos que acumulei só hoje no Clube de Milhagens Funai com o “programa tacape e cocar” em que me meti – fiz o belíssimo passeio a Morretes pela Graciosa, só que em dia de chuva e com duas crianças pequenas isso é no mínimo uma imprudência, mas vamos lá – vim aqui para dizer que mudei a chave.

É assim: passei do pulse para o tone, do 220 para o 110. Sou só mais uma brasileira – e só. Antes, era uma Atleticana brasileira, mas convenhamos que não houve nada no CAP nesta última semana que remeta a futebol de verdade, e não haverá até o retorno do time após o recesso provido pela Copa do Mundo. Senão vejamos:

O famigerado caso Dagoberto. Ai que canseira! Procurei julgar o garoto o menos possível. Minha vontade era de não fazer nenhum julgamento, mas com o que ouvi de sua entrevista e com o que saiu nos jornais de ontem para hoje, está difícil não fazê-lo. Mais um caso de menino descabeçado, bem assessorado por gente mal intencionada. Mais um que vai ganhar alguns trocos no curto prazo e depois acabará jogando num “expressivo” time do leste europeu. Como prêmio de consolação, será lembrado pelo que poderia ter sido e não foi porque não pensou, não agiu e não fez de acordo com o brilhantismo que achávamos que tinha.

Se o que fez foi uma traição, permita-me usar da memória que só as mulheres têm para estes casos: foi assim com o outro lembram? Foi lá, destruiu a copa do mundo. Sem ele, o Brasil não teria aquele meio de campo nem aqui nem na Coréia. Voltou, se achou, fez um corpinho mole básico e esqueceu-se do que o fez ser prestigiado, e hoje está de fora. Falta consistência. Acontece. Mas quer saber? Mudei a chave. Mudei de um jeito que só me resta dizer, vai duma vez!

Fora isso, tem a notícia da ida do lateral que nunca foi (no Atlético não foi pelo menos a metade do que no outro time). Tem também especulações sobre o, vamos dizer assim, mais consistente zagueiro do time atual. E isso tudo é uma coisa que me incomoda no Atlético. Tudo bem que não temos um time espetacular, mas temos (tínhamos ou achei que tínhamos) uma base. Não há constância de propósito no que diz respeito a time. Parecemos uma empresa formadora de negócios esportivos e não bem exatamente um time. Engraçado é que a única constância de propósito com relação ao time que temos atualmente, é quanto ao técnico. E com todo respeito, o currículo dele não vai melhorar um Atlético desentrosado.

Bem, eu disse que mudei a chave não é? Estou tentando.

É difícil porque sou uma Atleticana Brasileira. Fui ao casual day vestida de amarelo e azul com alguns toques do verde e branco (é que tenho uma certa resistência a estas cores, não sei por que), mas estou ansiosa pelo meu rubro-negro voltar a campo.

Enquanto isso não acontece. Mudei a chave. Agora é só torcer para nossa seleção e rezar para que nosso time do coração aproveite muito bem as suas férias e mude a chave também: mais vitórias e um time convincente...

Ai! Não adianta. Não consigo deixar de pensar no Atlético.


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