Juliano Ribas

Juliano Ribas de Oliveira, 51 anos, é publicitário e Sócio Furacão. Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2007 e depois entre março e junho de 2009.

 

 

Pra frente, Atlético!

05/06/2006


Parou tudo. Agora é verde-amarelo, pra frente Brasil. É se vestir de patriota, se fantasiar de brasileiro. É ficar grudado na TV assistindo a todos os jogos possíveis, é analisar com atenção o posicionamento tático e discutir as possibilidades de Trinidad e Tobago ou Togo com a maior propriedade do mundo. É matar trabalho pra assistir futebol sem culpa, é se sentir parte de uma potência mundial mesmo morando no terceiro mundo. É olhar para países como Inglaterra ou Suíça e pensar: "pobres coitados". Vai começar a Copa do Mundo. E isso, para o Atlético, significa o quê?

Desde piazito sempre adorei Copa do Mundo e Seleção Brasileira, mas sempre considerei o Atlético muito mais importante que o escrete Canarinho. Não consigo torcer para a amarelinha com a mesma intensidade doentia que manifesto pelas cores vermelho e preta. Na Copa do mundo chego a vibrar com intensidade, mas o frisson ainda fica longe daquilo que o meu Atlético faz comigo. Por isso, com essa parada no campeonato, fico com um olho no peixe e o outro no gato. Não vou conseguir de deixar de pensar no Furacão. A vitória de ontem deu mais tranqüilidade a todos, mas a paradinha de 40 dias no certame não deixa de ser um alívio para mim.

Apesar da subida de produção dos últimos jogos, o time ainda tem muito o que melhorar e este hiato veio bem a calhar. Ontem, contra o Palmeiras, deu para ver bem como o time ainda não é a Brastemp com dispenser de água mineral e gelo em cubos na porta que a gente quer e que a grandeza da instituição Atlético Paranaense exige. A gente correu grandes riscos contra o fraquíssimo Palmeiras, um time limitadíssimo e desesperado e se não fosse o Cléber, talvez os nossos dias de Copa do Mundo fossem bem mais amargos e intranqüilos. Agora que parou, que a boleirada sai uns dias de férias e o foco é desviado para a Germânia, é o momento para reflexões. Não é apontar culpas, escolher gente para pagar o pato. Não é arrotar vaticínios revolucionários em panfletos. É simplesmente querer que esta parada seja aproveitada da melhor maneira possível. Que ela seja lucrativa, para que uma grande arrancada seja dada na volta.

Já podemos pensar em um time mais forte, já que a janela para inscrições de jogadores será reaberta. Warley e algum possível reforço, quem sabe, fortaleçam este que já é, afirmo, um elenco qualificado. Já nem conto mais com Dagoberto, se acertar é lucro, se não, que corra seu trecho. Mas dá para se trabalhar o Evandro, para que ele consiga a regularidade e tome consciência da sua importância para o time e seja seguro de suas capacidades, é um jogador muito técnico e que tem lugar para ser titular no Atlético, só depende dele. A zaga já vem encontrando seus melhores momentos, nos últimos três jogos, tomou um só gol, irregular, diga-se, contra o Cruzeiro. O ataque tem ganhado confiança e o meio ganhou força com a liderança de Alan Bahia, que tem ultimamente jogado mais como homem do que como menino.

Mas há muito, muito o que melhorar. Dez dias de férias para desanuviar a cabeça, tomar umas cervejas na frente da TV, visitar a família, espairecer. Depois os atletas e comissão técnica voltam ao trabalho e que seja para deixar o giz bem passado no taco e ficar na ponta dos cascos. Nenhum atleticano tem total confiança que o time chegará bem ao final do campeonato. Mas o time é qualificado e está em bom momento, o técnico encontrou a tranqüilidade para trabalhar, vem aí um diretor esportivo para cuidar do dia-a-dia do futebol servir de escudo para os atletas e técnico. O Atlético voltou a viver a harmonia. Que se aproveite bem, que toda a estrutura atleticana mostre o quanto é eficaz, que haja planejamento para a seqüência do campeonato e que o time corrija as deficiências. Precisamos voltar bem melhores da paralisação do que entramos. Eu acredito que teremos um time bem melhor na volta.

Enquanto isso, fico eu com o quadrado mágico da Seleção. Alcunha, diga-se, já utilizada muito antes no quadrado mágico formado por Adriano, Kelly, Lucas e Kleber. Mas eu me contento em ver Kaká, Ronaldinho, Ronaldo e Adriano. Vamos rumo ao hexa. E que o Atlético siga rumo a uma grande evolução. Pra frente, Brasil! Pra frente, Atlético!


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