Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

As sete vidas de Givanildo

16/05/2006


Primeiramente quero agradecer meu irmão, Ayrton, pela sugestão do título e quero escrever um pouco mais sobre essa incógnita chamada Givanildo Oliveira. Sim, quero fazer mais alguns comentários para que os leitores não confundam pessimismo com “olho grande.”

Confesso, continuo nada otimista em relação ao nosso técnico e sua postura, mas não é por isso que não vou mais torcer por suas conquistas. O que temos que diferenciar é a torcida pelo sucesso com o temor e a sensação de que algo não vai bem. Verdade, o Atlético venceu o último jogo, mas está longe, muito longe de ser aquele Atlético que pode e deve almejar as primeiras posições da tabela. Não quero aqui falar de elenco, já que sabemos que se nem o técnico é capaz de “conseguir” os reforços necessários, quem somos nós, meros torcedores que enxergamos o futebol com outros olhos. Somos consumidores de diferentes setores e colaboradores, mas nada de dar “pitacos” no futebol.

Desta forma, volto minhas letras apenas ao técnico, professor, paizão, ou como quiserem nomear a figura que, aos trancos e barrancos, conta mais com a sorte do que qualquer outro tipo de coisa. Convenhamos, Givanildo não combina com o Atlético. É muito diferente do perfil predileto do torcedor, que é o técnico mais agressivo, mais brigador, mais agitado, enfim, um pouco mais parecido com a “cara” do Atlético. Mas tudo bem, se Giva continuar quietinho, calmo e sereno, mas trouxer resultados, nunca mais questiono o trabalho do mestre. Tá certo, o último que veio tão agitado e quase invadiu o campo para brigar pelo Atlético, acabou fazendo um “auê” danado em Curitiba e saiu pela porta dos fundos do clube. O alemão abandonou o barco, mas por outro lado, enquanto esteve aqui, agitado ou não, não perdeu sequer uma partida.

Givanildo já chegou levando na cabeça. Em um dos jogos mais importantes do ano, viu o time, ao seu comando, ser desclassificado da Copa do Brasil pelo pouco eficiente time do Volta Redonda. Pediu reforços e com seus discursos pouco técnicos, prometeu um Atlético melhor. Não havia outro comentário a ser feito: o momento era mesmo errado, e nada poderia estar tão certo para um time que havia perdido um campeonato regional e acabado de se despedir de uma outra competição em sua própria casa, arma em que o atleticano tanto confiava.

Tudo bem, novos tempos teriam que surgir, e veio o campeonato brasileiro. De cara, a primeira derrota e o segundo fracasso de Givanildo. Tudo bem, tenta-se então o sucesso longe da pressão da torcida. Batata! Mais uma nos miolos, e em jogo contra o Santos, em campo neutro, televisionado ao país da bola, o atleticano foi ao desespero quando ouviu – “se entrega não, gente!.” Jesus Cristo, todos os pensamentos nos levavam a crer que Givanildo estava mesmo em maus lençóis. Pior que ele estava cada atleticano, que já começara a aderir à moda “calculadora de bolso”, tamanha preocupação com o fantasma da série B.

Sai azar, gato preto é sinal de sorte, cebola no congelador, e veio a primeira vitória do Atlético, fora de casa, contra o Botafogo, em pleno Maracanã. Que autoridade! Finalmente o Atlético teria encontrado sua verdadeira personalidade e Givanildo, o grande Giva, teria começado a entender melhor a cabeça da moçada em campo, e dava os primeiros sinais de comando. Continuou com seu jeito tímido, e contra o bom time do Internacional, até nos mostrou um Atlético mais “peitudo”, mas o técnico atleticano esbarrou na qualidade do time colorado e na mulher que levantou o pau da bandeira na hora errada. E lá se foi a quarta vida do professor Givanildo.

Mais uma chance? Claro, afinal dessa vez Givanildo estaria em casa, contra o conhecido Santa Cruz. Seria a última chance de Givanildo? Ninguém sabe, e ninguém vai saber. Se foi de malas prontas, voltou cheio de bagagem e cheio de esperança. Ah, e cheio de ousadia e mais autoridade, pedindo que o deixem trabalhar, por favor! “O time é o mesmo, minha gente – não sei o que acontece!”. Pelo amor de Deus, Givanildo, não perca algumas chances de permanecer em silêncio.

Eu quero confiar em Givanildo, juro que quero. Assim como quero confiar em qualquer pessoa ligada ao meu clube do coração e que luta em prol do Atlético. Quero confiar e poder falar aos meus irmãos atleticanos que o Atlético, desta vez, está em boas mãos. Quero muito fazer isso, mas ainda não encontrei condições. Prometo que estarei na Baixada sábado, contra o Goiás, e não se surpreendam, estarei gritando o nome de Givanildo. Se ele ainda está ali, comandando o time, é nele que vou apostar. Só espero que o “paizão” do CT, o querido Givanildo dos jogadores do Atlético, não seja mais um gato pardo, daqueles que contam os dias de vida a partir do momento em que pisam na Baixada. Se for assim, se entregue antes da sétima morte, por favor.


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