Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Deixa a vida me levar

16/05/2006


Aristeu era um sonhador. Quando criança pensou em ser piloto de Fórmula 1, depois Bombeiro. Logicamente também quis ser jogador de futebol, não para ficar famoso e ir para a Europa, mas simplesmente pelo prazer de poder ganhar dinheiro fazendo a coisa que mais gostava.

Sua família nunca esbanjou, mas conseguiu lhe dar boa educação e nunca lhe faltou nada. Ao menos o primordial. Aristeu sempre teve amigos, muitos, tanto no futebol do bairro, como no colégio, como nos grupos da igreja que freqüentava. Pessoa simples, mas com sonhos.

As coisas foram indo e devido ao seu bom desempenho escolar, ganhou algumas bolsas de estudo para cursos extra classe, mas não se esforçou muito, as coisas iam fluindo na sua vida. Sonhava conseguir um lugar melhor na vida, ter uma condição melhor do que aquela dada por seus pais, mas foi ficando pelo caminho. Enquanto seus amigos conseguiam melhor chance na vida, Aristeu foi ficando pra trás.

O bonde da história passou e ele foi ficando, ficando e vendo os demais se distanciarem. Hoje leva sua vidinha, seu salário mal paga as despesas com os filhos não programados, com o aluguel pago, ao invés do financiamento da casa própria e com as contas que não param de crescer. Aristeu teve a chance de se tornar maior, grande, mas se contentou com uma vidinha que o faz feliz de vez em quando, mas que lhe enche o peito de lágrimas ao tomar banho e ouvir um dos filhos chorando, com a luz pendurada no teto piscando devido a excessiva carga de energia do chuveiro.

Aristeu acorda cedo, demora para chegar ao trabalho, não aquele que poderia ser o seu, mas o que conseguiu arranjar. Ainda sonha e lembra que desperdiçou a chance de ser maior do que é, de ser mais feliz do que é. Contentou-se com pouco e vai levando a vidinha.

Aristeu é atleticano. Ainda sonha.

Mas queria, assim como quero, sonhar mais alto. Saber que pode voar mais alto, que tem capacidade para isso e que não se conforma com a mediocridade, com o médio, com o meia boca. Chance para ser maior já teve, desperdiçou, mas capacidade para mais, tem sabe quem tem.

Basta ousar. Ou deixar a vida levar. Afinal Atlético, o que você quer da vida?


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