Ricardo Campelo

Ricardo de Oliveira Campelo, 45 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma família inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.

 

 

Jogadores são de Júpiter

08/05/2006


Hoje, Givanildo deve pedir o boné, ou recebê-lo de presente da diretoria. Já é consenso que é melhor tanto para o treinador quanto para o Atlético. Eu mesmo não tenho dúvidas quanto à necessidade de mudança no comando técnico atleticano.

O fato é: Givanildo não tem o pulso firme de que o Atlético está precisando. Seu estilo pacato e sereno não está fazendo efeito com os jogadores. Assim como acontecia com Casemiro Mior, os atletas acham seu comandante muito passivo, e pedem um nome com mais energia. Até concordo com os jogadores neste ponto.

Um exemplo da falta de firmeza de Givanildo foi o posicionamento de Dagoberto ontem. O jogador pediu para jogar no meio-campo, pois no ataque apanha demais (o que é verdade). O treinador não titubeou e concordou com o pedido do craque, o que desmontou o esquema tático do time e deixou Ferreira e Evandro perdidos.

Mas... em termos práticos, qual a diferença entre Givanildo e Evaristo de Macedo? Somente o bom humor. Ambos acrescentam pouco em termos técnicos, deixam os jogadores que se organizem e mostrem o que sabem.

Vou ter que concordar com o Givanildo: ele chegou ao Atlético na hora errada. Se entrasse no time no Brasileiro de 2005, quando Antonio Lopes foi para o Corinthians, teria o mesmo sucesso que Evaristo de Macedo. Sabem por quê?

Porque, daquela vez, os jogadores estavam cansados da linha dura de Antonio Lopes. Isso mesmo, o "pato velho", todos sabem, tinha um sistema muito rigoroso de cobrança com os jogadores e de treinamentos pesados. Desgastou demais os jogadores, que queriam um comandante mais ameno. Aí veio Evaristo, que meramente assistia aos coletivos e contava piadas, e pronto, o time voltou a render.

Por falar em Lopes, ele assumiu depois da passagem relâmpago de Edinho que sucedeu... Casemiro Mior! Que saiu porque era muito mole com os jogadores. Aí, a linha dura de Lopes teve efeito positivo e o time chegou à final da Libertadores.

Dá pra entender os jogadores? Eu não entendo. Se homens são de Marte, e mulheres são de Vênus*, os jogadores de futebol devem ser de Júpiter.

Pergunta do dia: adianta vir um treinador linha dura agora se, quando os atletas estiverem cansadinhos, vão começar a atuar mal e suplicar por um treinador mais light?

* livro de John Gray que explica, ou tenta, as diferenças de comportamento entre homens e mulheres.

Tostines

Vai adiantar trocar de comando, se o elenco não for reforçado?

Vai adiantar reforçar o elenco, se Givanildo for mantido no comando?

Laterais

No meu entendimento, o Atlético não venceu o Internacional porque não tem laterais. O time gaúcho veio claramente fechado pelo meio, deixando grandes espaços pelas alas. Ocorre que Jancarlos e Ivan não tiveram a aptidão necessária para explorar estes espaços e criar oportunidades. Fosse nos bons tempos de Alberto, ou de Fabiano, certamente criaríamos muito mais jogadas.

Afastamento

O time jogou mal, é verdade. Mas é impossível dissociar o resultado da péssima arbitragem. Com o jogo empatado, Dagoberto foi claramente derrubado dentro da área, na cara do juiz, que nada marcou. Não entendo qual a perseguição que essa juizarada tem com jogadores habilidosos. É mais a CBF baixar uma portaria dizendo que "sobre o jogador Dagoberto não deverão ser marcadas penalidades", pronto. E o que dizer da bandeirinha, aquela mulher perdida lá perto do muro? Atuação bisonha, coroada com um pênalti arranjado para o Internacional perto do fim do jogo.

Será que a tal Comissão de Arbitragem, que andou afastando juízes por aí, vai tomar alguma atitude?


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