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Juliano Ribas
Juliano Ribas de Oliveira, 51 anos, é publicitário e Sócio Furacão. Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2007 e depois entre março e junho de 2009.
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Muitas coisas podem servir de explicação para o momento horrÃvel que o Atlético vive. Faltaria lÃder dentro de campo. Os jogadores não teriam vibração porque estariam insatisfeitos com a falta de exposição na mÃdia devidos à s restrições à imprensa. O time seria fraco e reforços de peso seriam necessários. Sim, tudo, numa hora dessas faz sentido. Teorias para explicar não faltam, desde as mais realistas até as estratosfericamente malucas. Soluções bizarras também aparecem, como fazer um "disque-denúncia-gandaia" para que os boleiros deixem de lado, de uma hora para outra, seu apreço pelo pagode e pelas meninas que andam pela noite. Se não houvesse crise, os criadores desta campanha até tomariam umas com os jogadores se os encontrassem na madrugada. Tudo é turvo neste momento.
A grande decepção, na verdade, é Givanildo. Não que alguém esperasse que ele chegando o time engrenasse em uma vencedora seqüência. As expectativas sobre ele não eram maiores que a desconfiança. Mas seu currÃculo endossava perspectivas positivas, que pelo menos o time voltasse a ter comando e que adquirisse a atitude que um time grande como o Atlético precisa demonstrar em campo e fora dele, na área técnica. Mas Giva chegou se esquivando. Chegou com desculpas prontas. Chegou apagado. Eu esperava um Givanildo diferente, esperava um cabra arretado, com o sangue mais quente. Se ele sabe alguma coisa de futebol, e eu acho que sabe, deixou seus conhecimentos escondidos atrás de uma casca de timidez e medo. E se tem uma coisa que é imperdoável no Atlético é falta de atitude. O time não funciona sem e a torcida não perdoa.
Domingo, na transmissão da Globo, que tem um som absurdamente bom com torcida, sem torcida ficou nÃtido. Tudo o que se falava em campo se ouvia. O Atlético estava apático em campo e só escutávamos Vanderlei Luxemburgo, do time que vencia. O que eu escutei do Giva foi ele falando em tom de melancólica desesperança "não se entrega não, gente". Quando eu ouvi aquilo, pensei em desligar o aparelho, mas a teimosia tÃpica do atleticano me prendeu até o final com os olhos na tela. Começa a segunda-feira e Givanildo já está se esquivando novamente. Fala em falta de jogador. Não é bem assim. Borba Filho fez o Atlético jogar bem e ganhar do Cerro Porteño com o fraco Cléo no ataque. O Atlético foi vice-campeão da Libertadores com FabrÃcio, Jancarlos, Alan Bahia, Danilo, Evandro, os mesmos que formam a base do time atual. O Atlético tem jogadores jovens que estão longe da ruindade. O time tem qualidade e precisa, claro, de reforços, mas está longe de justificar as atuações pÃfias e sem força de ultimamente.
O alemão Lothar Matthäus, enrolado em lençóis de seda com a dona patroa lá na sua mansão na Europa, não deve nem imaginar o estrago que causou ao Atlético. Talvez pense mais na repórter que o acompanhou em bagunças na terra dos pinhais. Mas a herança maldita do alemão está difÃcil de ser quebrada. Os atletas, que respiravam o mundo com o Lothar, viram tudo ruir com a incompetência de VinÃcius Eutrópio e na seqüência, a falta de Ãmpeto de Givanildo. Um homem assustado, temeroso de errar, que esqueceu que o primeiro mandamento da vitória é não temer o fracasso. Sou contra tirar e pôr técnicos, eles precisam de seqüência de jogos e Givanildo tem três jogos à frente da equipe, apenas. O time até tem tocado melhor a bola, mas toca sem o estilo que fez o Atlético temido e respeitado. A evolução é muito pequena.
Falta atitude a Givanildo para vencer num clube como o Atlético. Infelizmente. Talvez agora seja a hora de substituÃ-lo. A torcida pede Leão, o Emerson. Atitude ele tem. Sobra, até. Mas tropeça na vaidade, é professor de Deus. Mas é mais treinador que Givanildo. Não gosto muito da postura profissional dele, que abandona times no meio de campeonatos por qualquer mala de dinheiro vinda do Japão, como já fez com o Atlético. Mas futebol, perdoem-me o clichê, é momento. E neste momento, Leão cairia como uma luva no CT do Caju. Se a gente quer voltar para Libertadores, ele é o cara. Levou um Palmeiras medÃocre até a Copa Toyota. Tem bom relacionamento com a diretoria e a torcida, que lamentou quando ele saiu em 1996, festejaria sua chegada. E é disso que precisamos: ânimo, alegria. E, principalmente, atitude. E atitude tem que partir primeiro do chefe. E Givanildo até agora, é apático como seus comandados.
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