Sergio Surugi

Sergio Surugi de Siqueira, 66 anos, é Atleticano desde que nasceu. Neto de um dos fundadores, filho de um ex-presidente do Atlético, pai e avô de Atleticanos apaixonados, é doutor em Fisiologia e professor. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2009.

 

 

Uma carta nada arrogante

21/04/2006


Tenho ouvido e lido muita coisa sobre Mario Celso Petraglia. Na maioria das vezes e principalmente agora, depois da implantação das novas regras de relacionamento entre a imprensa e o Clube, existe, nos textos e nas falas, a referência direta ou subliminar à arrogância do Petraglia.

Depois de uma certa idade e de uma certa vivência pessoal, passei a interpretar o que ouço e leio com mais sentido crítico, por exemplo, o tal “panfleto anônimo” que foi distribuído antes do jogo contra o Volta Redonda, na Kyocera Arena. Se existe arrogância neste mundo, ali estaria ela manifestada na sua mais insidiosa versão, afinal o que pode ser mais arrogante do que acreditar que é fácil enganar, iludir, manipular a opinião dos atleticanos.

Aquele texto, se analisado com um mínimo de cuidado, parte do pressuposto de que o Atleticano é um imbecil, já que clama por transparência e simplesmente não é assinado. Só por isso já se pode concluir sem muito esforço, que se trata de algo que não pode ser levado a sério, pois é incoerente com a sua proposta. É o mesmo que alguém desfilar pelado, numa manifestação contra o nudismo.

Deixo de escrever sobre o tal panfleto e me volto para outro manifesto, este assinado, com nome, sobrenome e principalmente história. É a carta aberta do Sr. Mario Celso Petraglia.

Quem lê as minhas colunas com freqüência, sabe que não sou um “Petraglista” convicto. Costumo criticar quando acho que devo e elogiar quando acredito pertinente. Hoje, antes de elogiar ou criticar, vou cooptar com o nosso Presidente Petraglia e faço um pedido para que todos os atleticanos leiam a carta que ele dedica à Nação Rubro-negra, com o espírito de verdadeiro atleticano, com a boa vontade de alguém que deseja o melhor para o nosso amado Furacão.

Nesta carta, em tom de desabafo e chamado à união, o Presidente do Conselho Deliberativo do nosso Atlético, mostra com boa carga de emoção, que está sofrendo da mesma maneira que todos nós que estamos preocupados com o desempenho do time.

Não tenho dúvidas de que o atleticano que leu a carta do Presidente, conseguiu perceber que o Petraglia de hoje é exatamente o mesmo de 1995, ou seja, um torcedor como eu ou você, caro leitor, que ama o Atlético, mas que possui a consciência da responsabilidade e da complexidade que representa administrar o Atlético dos últimos 10 anos.

Em sua carta, Petraglia não faz promessas, apenas pede aos torcedores que façam a sua parte, mas eu, ao contrário do Presidente, quero clamar por aquilo que eu acho que o atleticano não deve fazer.

Que não acreditem em gente que só se manifesta quando tem seus interesses pessoais ou corporativos contrariados, agindo de modo oportunista e torcendo pelo quanto pior, melhor (ou será que alguém imagina que o tal folheto anônimo seria distribuído na festa de uma conquista de título?).

Que não desanimem, até porque quem viveu tantas crises no passado recente e saiu vitorioso de todas elas, não pode desanimar jamais.

Que não deixe de colaborar com o Clube, direta ou indiretamente, comprando produtos licenciados, indo aos jogos ou comprando pacotes.

Se você comprou pacotes, não venda o ingresso aos cambistas, isso prejudica o Clube e prejudica os seus confrades atleticanos, dando fôlego a uma atividade oportunista e ilegal. Se não comprou pacote e quer ir ao jogo, não compre ingresso de cambista.

Se você não pode colaborar, pois a grana anda curta, ajude do seu modo e tenha claro que o amor ao Atlético não pode ser comprado, nem vendido. Continue amando e principalmente, defendendo o Rubro-negro. Ele também precisa da sua energia e da sua paixão.

Não desconfie de tudo o que se faz no Atlético, as parcerias, por exemplo. Elas não são um modo de encher os bolsos dos diretores e sim a única maneira de viabilizar os custos de uma estrutura de primeiro mundo, em um país de terceiro mundo. Apóie os parceiros do Atlético, isso não custa um centavo.

Pelo bem ou pelo mal, jamais confunda as pessoas com o Atlético. Todos passaremos, mas o Atlético permanecerá e a sua grandeza e perenidade serão o resultado do que cada um de nós, em algum momento, fez ou deixou de fazer por ele.

Que não ignore o apelo que Petraglia faz pela união de todos, pois é unido que o Atlético se fortalece e se supera.


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