Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Diretor de futebol?

18/04/2006


É fácil se apegar às críticas que esse time do Atlético merece. Simplista até, afinal, qualquer um vê que temos alas que não acertam um cruzamento, que nossa defesa leva o "um-dois" com grande facilidade, que não temos meio-campo e que o ataque é quase epilético. Olhem em guias do Brasileiro e vejam quantos avantes temos: somados, não dão um Dagoberto de muleta. Triste constatar, mas é essa a realidade.

E como não sabemos quando nem de que maneira contaremos com ele e que o reforço pode ser a boa fase (que parece nunca chegar) de Denis ou o sujeito do Bragantino (14º colocado no Paulista) ou alguém da Aparecidense (potência do futebol interiorano do cerrado), é levar com a barriga. No Atlético, o buraco é mais embaixo.

Pior, é mais em cima!

Temos um diretor de patrimônio. Ótimo, nossa tão decantada e invejada estrutura, construída por essa diretoria, mas sem se esquecer que com a ajuda de muitos outros atleticanos que estão afastados do Atlético desde 2003, merece realmente alguém capacitado só pra isso. O Atlético tem, com absoluta certeza, um diretor financeiro, que com seu competente trabalho, consegue dar base para as conquistas do time. Folha de pagamento, fornecedores, compras e saber lidar com o dinheiro arrecadado pelo ingresso mais caro do Brasil, mesmo para assistir a um espetáculo de 5ª categoria, bem como administrar os milhões de euros, dólares, escudos, ienes que entram na contabilidade rubro-negra, fruto das excelentes negociações que o clube faz, comprando jogadores e depois os revendendo. Coisas do mundo atual, futebol é negócio!

A figura simpática e sempre solícita de Mauro Holzmann nos remete ao departamento mais falado do Atlético: o marketing. Nossa publicidade realmente é show de bola, conseguimos bons patrocinadores (mais um nesse final de semana), temos uma loja fenomenal e quando o time está em boa fase, emplacamos o nome deles em horário nobre diversas vezes. Aliás, parabéns à administração do Estádio por ter inaugurado um guarda-volumes na entrada da Buenos Aires, à direita de quem entra no Joaquim Américo.

Pois é, vários departamentos, uma logística bem estruturada, mas cadê o departamento de futebol? Temos gente boa, bem preparada e especializada em vários setores do clube e não temos ninguém do futebol? É isso! O Atlético é um time de futebol sem diretor de futebol.

Alguém que tivesse contato com a imprensa, livre circulação na diretoria e que pudesse ouvir e principalmente falar com os boleiros, que estão (e sei disso) se sentindo órfãos, ainda mais agora que o CT virou um mosteiro blindado a sete chaves. Um sujeito que explique para alguns que estar no Atlético de hoje é um privilégio, que se estivessem em qualquer outro time considerado grande, com as atuações que estão tendo, sofreriam ameaças de torcedores, teriam seus carros apedrejados ou sequer poderiam ir ao mercado, ao cinema, muito menos à balada, pela marcação cerrada que sofreriam.

Alguém que explicasse aos jovens o valor dessa camisa, que negócios bons virão com certeza, afinal o Atlético se especializou nisso, mas que tudo tem sua hora. Um cara que levasse a palavra da diretoria às rádios, às emissoras de tv, aos jornais, que fosse nas organizadas trocar uma idéia e saber o que o povo quer. Alguém que possa chegar no treinador e dizer: "olha parceiro, o cara ali treina que é uma beleza, inclusive é um dos mais esforçados, mas está aqui há três anos, já jogou várias vezes e não emplaca, entende?"

Parece tão simples, menos para o Imperador e seus súditos, acima do bem o do mal e que ainda nos mandam calar a boca quando o time faz um mísero gol, mesmo com a derrota.

Deus, só tem um.

ARREMATE

Quer um Laka? Feliz Páscoa.


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