Marcel Costa

Marcel Ferreira da Costa, 45 anos, é advogado por vocação e atleticano por convicção. Freqüenta estádios, não só em Curitiba, quase sempre acompanhado de seu pai, outro fanático rubro-negro. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2008.

 

 

1 + 2 + 3 = 6

17/04/2006


O Campeonato Brasileiro está longe do fim, faltam 37 rodadas, mas o Atlético precisa acordar logo, pois na reta final, cada jogo é um desespero. Dias atrás, escrevi uma coluna dizendo que somente a sorte nos ajudaria nesta estréia, pois planejamento, estrutura tática e o entrosamento eram nulos. Abandonado pela sorte, o Atlético fracassou contra o Fluminense e não nos resta muita esperança para as próximas rodadas, quando enfrentaremos os campeões estaduais Santos e Botafogo, fora de casa, e o Internacional, na Kyocera Arena.

Entenda a atual matemática atleticana:

1. Plano Tático

Taticamente o Atlético não existe. É um bando dentro de campo, sem rumo, organização e entrosamento. Ontem, foi triste assistir ao jogo. Uma bagunça tática, sem nenhum padrão de jogo. O time não acerta três passes seguidos, não existe triangulação, jogada construída. Só criou chances através da bola parada, graças ao bom aproveitamento do Fabrício, a bola molhada e a “mão de pau” do Fernando Henrique.

No fim, zagueiros viraram atacantes, volante ficava como último homem, lateral não tinha mais. Parecia um desenho de uma criança de três anos de idade. Muitos rabiscos nada compreensíveis. Enquanto isso o treinador Givanildo só observava, calado, a “corrida maluca” que criou. Se treinou o time deste jeito durante os dez dias seja humilde e entregue o cargo.

2. Abalo Psicológico

Nitidamente este elenco está abalado psicologicamente. Por mais limitado que possa ser, perde também por causa da pressão que está sofrendo. Natural para um time do tamanho do Atlético que não vence há mais de 40 dias. O problema é que não podemos ficar dependendo da cabeça dos atletas que não sabem mais o que é vencer e não conseguem se impor nem contra times de terceira divisão, imagine contra os mais qualificados times da Série A, grupo que nem abrange o Fluminense, adversário de ontem.

Nem mesmo os jogadores com mais qualidade técnica, como Ferreira, Evandro, Jancarlos, Fabrício, Paulo André e Denis Marques resolverão os jogos sozinhos. Pressionados também estão e isto reflete no rendimento em campo, ao perderem bolas que normalmente acertariam por tentarem fazer algo de diferente, no meio da bagunça que virou este time.

3. Elenco Limitado

Até o mais otimista ou cego dos atleticanos já enxergou e percebeu a fragilidade do nosso elenco. Uma andorinha, ou melhor, dez, conforme citei tempos atrás, não fazem verão. Precisamos urgentemente de jogadores que tenham capacidade técnica e qualifiquem o elenco.

Ontem, escutei do meu pai o seguinte: "Marcel, os ruins contaminaram este grupo!”. É a mais pura realidade. Com Matthäus, o time rendia. Claro que contra adversários medíocres, mas vencia e convencia. Os melhores do time decidiam. Naquele período cansamos de vencer graças a Dagoberto, Paulo André, Ferreira, Michel Bastos e Alan Bahia. Hoje, não sei se os melhores cansaram ou acomodaram com a ruindade alheia que prevalece sobre o grupo.

Antes que seja tarde, reforçar é preciso!

6. Derrotas

Como uma soma matemática, onde 1 + 2 + 3 = 6, a falta de padrão tático, o abalo psicológico e a limitação do elenco resultam em derrotas. Não há mistérios! No futebol, por mais que exista a zebra, na soma dos resultados vai prevalecer o óbvio. O mais qualificado irá sobrepujar os mais fracos. O Atlético pode até vencer um jogo inesperado, mas com esta soma de fatores negativos não vai fugir de uma lógica de derrotas e isso pode causar uma tragédia. Em 2004, o Grêmio estava assim. Em 2005, o Atlético/MG foi a bola da vez. Milagres não aconteceram e o exemplo ficou para os próximos anos. Espero que estejamos atentos a isso, pois ainda há muita coisa por vir e hoje, ainda temos tempo para reformulações.


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