Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

Vamos com o que temos

11/04/2006


Não posso acreditar que em meio a uma tempestade desgraçada, ainda existam pessoas que estejam sentadas em suas cadeiras de balanço, apreciando o caos e achando que está tudo bem. Não, não posso e não consigo acreditar nisso.

O Atlético de hoje é um Atlético que deixa o torcedor passear pelo passado e buscar forças para entender a verdadeira realidade. Está difícil. Foi transformado em um clube gigantesco, magnífico, soberbo. Tornou-se exemplo para todos os clubes do país, e mostrou que vale a pena pagar o preço da paz, da segurança e do bem estar. Apesar do afastamento dos torcedores com menor poder aquisitivo da Baixada, o consumidor atleticano até aceitou que o ingresso mais caro do país estaria realmente de acordo com o tamanho do Atlético.

Mas o Atlético é um clube de futebol, e tem muita gente esquecendo deste “pequeno” detalhe. Pelo tamanho que o Atlético atingiu, em tão curto espaço de tempo, deveriam também os dirigentes alinhar seus objetivos e caminhar em paralelo com o crescimento do clube, crescimento que eles mesmos fizeram questão de propagar. São responsáveis por isso, e merecem todo o nosso reconhecimento, mas brincam com a sorte. Estão lançando o Atlético do jeito que der, mais ou menos na linha do “vamos com o que temos”.

Já vi esse filme, me preocupo com o futuro e faço questão de expor meu ponto de vista, baseado no pensamento que toda a nossa preocupação e todos os nossos gritos são exclusivamente voltados para o bem do Atlético, nosso ideal maior. “Nosso” ideal maior, desde o presidente do clube até o torcedor mais humilde. Neste “vamos com o que temos”, fomos eliminados do campeonato paranaense, que de tão levado na brincadeira pelo clube, virou motivo de piada a todos nós, considerados os “favoritos” ao título. Não chegamos nem na decisão. Neste “vamos com o que temos”, vimos o Volta Redonda beliscar a vaga da Copa do Brasil, a qual me desculpem, mas se fosse em outros tempos, estaria “no papo”.

E foi justamente este “vamos com o que temos” que atraiu toda a ira de milhares de atleticanos, que não agüentaram dar as costas para a Baixada e saber que 50% das competições deste ano já estavam encerradas. Foi este maldito “vamos com o que temos” que tirou o sossego e o sono da nação atleticana, que não mede esforços, não mede sacrifícios e ultimamente não está medindo nem a conta bancária para ver o Atlético em campo.

Uma coisa, no meio de toda essa confusão e de toda essa tempestade, é lógica, óbvia, evidente: do jeito que está, não dá! Ou se faz do Atlético um clube de futebol, sem apostar na sorte e dar tiros no escuro, ou o desespero vai tomar conta do torcedor. Gente, isso é paixão, é sentimento. Não é brincadeira! Não me digam, pelo amor de Deus, que o Atlético vai voltar a ser um time de futebol a partir da décima rodada do campeonato brasileiro. Haja oxigênio!

Chega de assistir o Atlético de Bruno Lança, de Moreno e de Denis Marques. Queremos um Atlético de fibra, de Ferreira, de Cléber, da torcida organizada e do exemplar torcedor atleticano. Queremos o Atlético do torcedor que possui o direito de reivindicar, de bravar, de torcer e de cobrar. Queremos o Atlético como um verdadeiro Atlético do mundo do futebol, não do mundo de ilusões, e troco uma dúzia de discursos bonitos por resultados e conquistas. Chega de dodói, de cai-cai e de sacanagem.

Perguntar não ofende

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