Juliano Ribas

Juliano Ribas de Oliveira, 51 anos, é publicitário e Sócio Furacão. Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2007 e depois entre março e junho de 2009.

 

 

Assinatura

10/04/2006


Carro sem placa, cheque sem assinatura, contrato sem rubrica não têm valor, pois não são reconhecidos. Só valem quando tem identificação. Assim como as palavras, que, quando não são registradas, ficam ao sabor do vento. Tudo o que se escreve e não leva a assinatura do autor, bóia no vácuo da falta de credibilidade. Tudo o que se acusa e não vem com provas pode, sem nenhuma injustiça, ser considerado devaneio. É assim que as coisas são. Eu assino tudo o que escrevo aqui. Coloco meu nome embaixo de cada vírgula, cada pingo nos "is". Me responsabilizo pela forma e pelo conteúdo. Às vezes agrado, outras não. Colho elogios e críticas ferrenhas. Defendo minhas posições, que muitas vezes causam polêmica, efervescência. Mas valorizo o direito democrático de expressão que a mim foi dado pela Constituição, assinando o meu nome, que endossa a procedência de tudo o que escrevo.

Dou minha cara para bater, não tenho medo nem fujo da raia, embora algumas pessoas, que talvez tenham um pequeno ditador dentro de si, achem que para expressar o que penso, eu deva estar comprometido com algum interesse. Em um mundo passional como o futebol, é difícil não ser levado pela gangorra de emoções que todos estamos sujeitos. Torcer para um clube de futebol, é, por si, algo sem propósito lógico. Torcemos por uma idéia, um sentimento. Mas a construção e a permanência ao longo do tempo de um clube de futebol está apoiada em coisas muito menos etéreas, bem mais terrenas, cruas. De alguma forma elas precisam ser feitas.

A administração de um clube não é uma ciência exata, corre por caminhos nunca antes percorridos, baseia-se em tentativas certas e erradas. Não existe piloto automático, para se chegar nos fins é preciso ir no braço, corrigindo a rota sempre que ela é desviada. No Atlético Paranaense, os desvios de rota têm tomado proporções enormes, proporcionais ao gigantismo que o clube e a torcida atingiram na última década. Um início de ano desastroso como este, por si já causaria abalos. Com pessoas fomentando o caos fica ainda pior. É a cultura do quanto pior melhor, do "quero ver o circo pegar fogo".

São pessoas que se auto-proclamam do "bem", mas não mostram a cara para que saibamos quem é o "messias" que representam. Transformam a emoção das pessoas em um jogo de perde e ganha, bem ao estilo da política. Polarizam as questões entre "eles" e "nós", utilizando este maniqueísmo como arma de convencimento. E no ardor da frustração, na dor da derrota, alguns podem se deixar levar sem um exame crítico. Sem uma avaliação com justiça e reconhecimento.

Há pouco mais de quatros meses, o Clube Atlético Paranaense promoveu eleições para seus quadros gestor e deliberativo. Onde estavam as pessoas que hoje fazem barulho? No anonimato mais uma vez. Entendo com isso que preferem ficar na moita atirando traques como vietcongs, do que ir para o confronto, se expor e mostrar o rosto. Onde estavam? Não me digam que não puderam fazer nada. Se quisessem, conseguiriam bater chapa. mas ficaram com medo da derrota e da exposição pública. Não era cômodo ir para o pau. O Atlético vinha de um vice-campeonato da América, um Campeonato Paranaense, uma classificação para mais um torneio inter-continental. Além disso, a euforia na torcida era grande devido à queda dos coxas para a segundona.

Queiram ou não, este pessoal que administra o Atlético, centrados na figura de Petraglia, vem mantendo uma coerência e uma fidelidade muito grande ao projeto idealizado de crescimento desde seu início, há onze anos. O projeto consiste em proporcionar um crescimento contínuo ao Atlético, com investimentos fortes em estrutura e montagem de bons times sem que seja preciso gastar fortunas como os times do eixo e esses times se tornariam vencedores com o apoio da estrutura. Isso tudo compensaria a falta de investimento que um estado quase invisível para o resto do país como o Paraná, atrai. Tudo isso mantendo a saúde financeira.

É mentira quando pessoas, até colunistas famosos de jornais, dizem que o Atlético sempre trouxe grandes jogadores, algo que não teria ocorrido este ano. Puxando a memória, pegue os jogadores que participaram de times vencedores do Atlético nos últimos tempos e veja que a procedência está bem longe de ser de grife: Oséas, vindo do Uberlândia; Flávio, do CSA, Alessandro, do Bangu; Rogério Corrêa, do Vila Nova; Kelly, do Bragantino; Gustavo, Cocito e Lucas, do Botaogo-SP, Kleber, do Moto Club; Adriano Gabiru, do CSA; entre outros. Além dos jogadores do PSTC, incógnitas antes de jogarem no Atlético, como Dagoberto, Fernandinho, Kleberson e Jadson. Também não vamos esquecer da maior das incógnitas, Washington, o Coração Valente, com sério problema cardíaco recuperado com total apoio do Atlético e o auxílio da tão criticada estrutura fisiológica.

Tão criticado pela insensibilidade, Petraglia foi humano com Washington, que retribuiu com muitos gols. É preciso ser justo e, se esta diretoria queimou gordura do seu crédito começando o ano de maneira tão ruim, é preciso não se deixar levar por coisas sem provas ou acusações escritas no limite do analfabetismo, em linguagem tosca que subestima a inteligência dos atleticanos. É preciso ser justo e saber que um clube como o Atlético é caríssimo e não é uma fase ruim no futebol que vai justificar ataques à pessoas que são verdadeiramente atleticanas.

Se houver provas e a justiça decidir que houve roubo ao patrimônio Rubro-negro, todos poderemos exigir a reparação. Mas, antes de classificar pessoas que têm idéias e assinam embaixo delas como desonestas, é preciso uma reflexão com base racional. A questão não é defender ou não Petraglia ou diretoria, mas defender o Atlético. Como essas pessoas fizeram e fazem muito pelo Atlético, merecem apoio e compreensão, até prova em contrário.

Tudo que eu faço e assino nesta coluna, é pelo Atlético e para o Atlético. Única e exclusivamente, é o Furacão que move a minha escrita.


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