Juliano Ribas

Juliano Ribas de Oliveira, 51 anos, é publicitário e Sócio Furacão. Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2007 e depois entre março e junho de 2009.

 

 

Encarando os fatos

06/04/2006


Passionalidade à parte, vamos encarar as coisas:

Os três ou quatro reforços que todos falam que o Atlético precisa não podem mais demorar para chegar. E não é no Bragantino, no Itabuna, no Iraty ou no Guarani que vão ser encontrados reforços que cheguem, vistam a camisa e resolvam. Precisamos de talento e experiência comprovados. Podem até vir jogadores desses times, mas não são eles que vão dar jeito.

Não podemos simplesmente negar que alguns jogadores do atual elenco foram considerados ótimos ou bons até pouco tempo atrás. Paulo André, Alan Bahia, Jancarlos, Fabrício, Evandro, Ferreira, Cléber, Danilo e Denis Marques, antes de começar a temporada, deixavam a todos animados. Portanto, vamos deixar a raiva passar e fazer críticas construtivas, não sair atacando a torto e a direito quem acreditou que este elenco tinha potencial vencedor.

Tivemos azar com as contusões de Dagoberto, a grande aposta rubro-negra que novamente deu em nada, e com a de Michel Bastos, o segundo melhor lateral do Brasileirão passado, que vinha se firmando no time. Sem falar no alemão Lothar Matthäus, que todos adoraram ver no Atlético e odiaram vê-lo deixando o clube todo bagunçado e instável emocionalmente. A derrota para a ADAP abateu muita gente.

Vamos admitir: torcida não ganha jogo no grito. Pode até ajudar numa ou outra vitória motivando os atletas, mas não entra em campo, não faz gol.

Vamos parar de superestimar o gogó dos atleticanos e valorizar os pacotes. É uma vergonha vender 7 mil pacotes a menos que o Figueirense a preços semelhantes. A cadeira coberta do Figueirense custa R$ 960,00 para uma temporada com menos competições, sendo que no Atlético todas as cadeiras são cobertas e o estádio é infinitamente melhor. E sem falar que Curitiba é quatro vezes maior que Floripa. Imagine 10 mil pacotes vendidos na Arena. É dinheiro que ajuda a fazer time, dá quase 10 milhões de Reais. É bom pensar nisso. Fazer a sua parte de verdade e parar com demagogias. Nesse ponto, a torcida do Figueirense é muito mais fanática que a nossa, que só sabe pedir isso ou aquilo.

Não é porque o camarada compra pacote que ganha o direito de reclamar de tudo e de todos. Gente vaiando a 30 minutos de jogo e atacando com violência outros atleticanos que pedem o fim da vaia é um absurdo irracional indigno até para macacos babuínos. Além de ser uma atitude acéfala, é falta de educação e de respeito ao próximo e ao clube.

Palmas para Os Fanáticos, que demontraram seu amor pelo time sem vaiar durante o jogo.

Não vamos ter memória curta e esquecer o que os dirigentes do Atlético fizeram pelo clube. Chegamos ao vice-campeonato da América, ao título paranaense e conquistamos uma vaga à Sulamericana no ano passado com um time que, para variar, todo mundo reclamava. As campanhas do ano passado não foram um golpe de sorte, mas sim fruto de um bom trabalho no futebol. Então vamos parar de dizer que a diretoria só erra no futebol. Na hora do acerto é apenas sorte, e na hora do erro é pura incompetência? Vamos ser mais justos e racionais, por favor.

Não há o que se falar de um time que não ganha de outro que nem na 3ª divisão está. Este elenco perdeu o crédito, assim como jogadores como Evandro, irresponsável, infantil e egocêntrico, e Alan Bahia, com uma queda pela boemia. Têm que fazer muito para recuperar a moral.

Além de tudo isso, há uma infinidade de procuradores de atletas atrapalhando a vida dos jogadores. Lembrem como a Massa Sports tem nos incomodado e tumultuado o ambiente do clube este ano.

Perdemos e estamos todos tristes, toda a grande família atleticana. Mas não é com teorias conspiratórias e comprando como verdade tudo o que a imprensa cospe por aí que chegaremos a algum lugar. Exigir um time melhor é justo, mas dentro dos padrões do bom senso.

A verdade é que se precisa arrumar o time e bem, trazer um grande jogador de nome pelo menos, para impor moral no elenco e sossegar a ansiedade da torcida, já, agora. Mas temos que ter consciência das nossas limitações de orçamento.

É na hora difícil colocamos à prova o nosso atleticanismo. E tempos sinistros fazem parte do futebol. Então, Atlético hoje e sempre. Mesmo com o coração ferido, a mente segue forte.


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