Sérgio Tavares Filho

Sérgio Juarez Tavares Filho, 45 anos, é jornalista e morou até os 12 anos em Matinhos, litoral do Paraná. Acompanha o Atlético desde que nasceu e vive numa família 100% rubro-negra. Até os cachorros se chamam Furacão e Furacão Júnior. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2009.

 

 

Solidariedade

29/03/2006


O povo brasileiro é solidário. Não cansamos de ver doações aos projetos assistenciais dos governos, auxílio aos desabrigados, ligações para o Criança Esperança e até no Big Brother o mais fraco vence. Com 33 anos a baiana Mara é a nova milionária do programa de televisão. E assim também foi em duas edições anteriores, quando uma doméstica faturou o prêmio máximo instituído pela Globo. Nos dois casos a "justiça" estava feita. As adversárias bonitinhas podem sair na Playboy, faturar de outra maneiras. A ex bóia-fria e a ex empregada só tinham aquela oportunidade.

A solidariedade financeira do brasileiro também é vista no futebol. Cianorte e Corinthians em campo: o mundo contra o time do Parque São Jorge, afinal o Cianorte é o mais fraco. A grandeza de um tradicional clube de futebol é azarada com todas as forças.

Com o Atlético a história é praticamente a mesma. Quando éramos "aquele time parecido com o Flamengo", tínhamos o carinho e a simpatia dos torcedores de outros Estados. Torcer para o nosso clube, sem ser de Curitiba, era exótico. Era ser revoltado com a vida, não dar valor ao Grêmio, Internacional, Fluminense, Botafogo ou Santos. O Brasil era solidário com a gente.

O mundo deu voltas, as edições do Big Brother mostraram os ganhadores necessitados, os projetos do Criança Esperança têm um valor inigualável na sociedade e o futebol no país não é mais o mesmo de duas décadas atrás. A linha que dividia a tradição com a realidade já foi ultrapassada há muito tempo. Só falta o Atlético voltar a empolgar o próprio torcedor e deixar de ser solidário com os pequenos (como foi contra a ADAP e Volta Redonda).

Às vezes é preciso fazer cara feia para retomar aos trilhos. Não é preciso repartir o bolo para ser humilde.


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