Juliano Ribas

Juliano Ribas de Oliveira, 51 anos, é publicitário e Sócio Furacão. Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2007 e depois entre março e junho de 2009.

 

 

O Grande Atlético

27/03/2006


O Atlético nunca será maior do que é. Sempre será do mesmíssimo tamanho. O Atlético não vai mudar, não vai crescer, ocupará sempre o mesmo espaço. E nesse lugar há de permanecer.

O Clube Atlético Paranaense é um clube de dimensões imutáveis, é gigantesco dentro de um amor incomensurável. Não se mede em comprimento, largura, altura, profundidade. Não aceita meio amor, meia verdade. É superlativo. Mora num recôndito nobre da alma, no topo de um promontório inatingível.

Torcemos para o maior clube do mundo. E ai de quem diga o contrário. É porque é e pronto. Coração não transige. Somos grandes, sim. Um clube que é o melhor entre os melhores. Clube Atlético Paranaense. Repetir estas três palavras é como entoar um mantra de grandeza. Um mantra que deve se repetir um milhão de vezes nos ouvidos daqueles que não aceitam a nossa grandeza. Por inveja, por cobiça, por soberba, por ódio. Usam dos mais vis artífices, falam as mais distorcidas verdades, pregam as mais ordinárias mentiras.

Mas o Clube Atlético Paranaense está há oitenta e dois anos do mesmo jeito, gigante. A cada vinte e seis de março, desde mil novecentos e vinte e quatro, enorme, vibrando em nosso tórax, correndo vermelho nas nossas veias negras. Sua força escarlate fez seu corpo ser reconstruído dos escombros, brotar na terra seca, tombar os inimigos. Em toda sua saga, o Clube Atlético Paranaense já enfrentou toda sorte de tormenta. E em cada uma delas, nunca faltaram heróis que desembainhassem a coragem e fossem para a luta para mudar o destino, banhar nosso nome com honra. Ontem, hoje e sempre.

Neste octogésimo segundo aniversário, passamos, sim, por momentos de dificuldade. É a inexorável lei da vida, em que a felicidade é pontual, a faina infinita e a tristeza recorrente. Dificuldades menores do que já passamos, mas largas, devido à envergadura que ostentamos atualmente. Nosso aniversário foi num final de semana sem futebol, sem a gala da razão de viver do nosso Clube. Enfrentamos, agora mais do que nunca, o ódio dos ignorantes, que mal sabem o que é e em que se transformou este clube. De longe, atiram flechas incapazes de derrubar, mas que ferem aqueles que sabem da verdade. Lanças que fincam doloridas naqueles que tanto fazem pelo Grande Atlético, ou seja, todos nós. Mentiras, meias verdades, teses sem provas, falácias, suspeitas que se tornam aceitas como o sumo do real.

Nada derruba o Grande Atlético. Nem aqueles que se consideram os maiores, cuja a sombria face da trapaça se esconde sob um conjunto de cores, maquiada como a dama que esconde os mais sórdidos segredos. Reduzem a luz para detrás da cortina combinarem as artimanhas que deixaria a súcia mais desonesta envergonhada. Usam do poder que está à sua mão para iludir os seus, enganar a todos. Mas nada acaba com o orgulho de um atleticano, a caterva pode feri-lo, mas ele se regenera, tem a pele cicatrizada pelo sangue que ferve nas veias.

Nada derrubou o Grande Atlético. Nem a mãe do entretenimento conseguiu, o povo em vermelho e preto o absolveu em gritos, em frente à fachada do castelo na terra da decadência. Nem os invejosos de sempre, altivos de ontem, que hoje maculam nosso pavilhão com suas lágrimas de purgatório e arrastam correntes de mau olhado. Antes se consideravam grandes, mas não pelo ideal que guardavam no peito, mas por pensarem que glórias roubadas os faziam melhores. Hoje tentam viver no patamar inferior que sua incompetência os relegou, batendo sua própria chibata no lombo, enquanto nos olham de baixo.

Hoje, somos um povo que pisa firme, sobre qualquer terreno. A camisa desbotada do varal que vestia nossos guerreiros hoje tem fazenda nobre. Das épocas de conquistas ocasionais, até de doze em doze anos, fica guardado o orgulho de tê-las comemorado e de ter sobrevivido nos hiatos. Do torneio da morte, da série onde hoje habita o musgo verde, do banhado que nos abrigou como casa, temos as escaras para nos lembrar o que vivemos. A paixão que diminuía, machucada, magoada, nunca deixou de ser renovada. Hoje esta paixão está estremecida. Arrefeceu um grau. Mas o amor incondicional e infinito sempre a faz arder, de uma hora para outra.

O Atlético não merece a desunião, a desconfiança, fazer aniversário e estar menos importante que teorias suspeitas vindas de outras plagas. Isto nos enfraquece. O Atlético é feito de atleticanos, dirigido por atleticanos, sonhado por atleticanos. A lembrança disso faz com que se reflita melhor sobre qualquer idéia que tenhamos sobre quaisquer irmãos atleticanos, principalmente aqueles que tanto fizeram por nós, que colocaram seus nomes em jogo, entregaram seu tempo e dedicação por este ideal, hoje e em todas as épocas. Entretanto, nunca podemos deixar de ser vigilantes.

O texto é solene como não deveria deixar de ser. Por respeito e por veneração. Por homenagem a isto que não tem rosto, mas alma. O que para muitos é simplesmente um esporte, para nós é um exercício de fé. Por que torcer, por que se emocionar, por que se entregar, por que? Por que, se às vezes nos sentimos idiotas em meio à gana que alguns abutres têm por dinheiro? Por quê, se vemos o aliciamento de jovens e a transformação de tudo de fim em meio? Não se explica, não tem teorema. Apenas faz sentido, dentro de um coração atleticano.

Parabéns a todos os atleticanos pelo Clube Atlético Paranaense existir.


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