Juliano Ribas

Juliano Ribas de Oliveira, 51 anos, é publicitário e Sócio Furacão. Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2007 e depois entre março e junho de 2009.

 

 

Givanildo, um brasileiro

20/03/2006


Nada de nome imponente, cheio de agás e trema. Nada de cultura européia, mulher top model, camisa bem cortada, gravata Hermès. Sem Touareg, Der Spiegel, Bild, Beckenbauer. Nada de lenda, flashes, camarote da Brahma, revista Caras. O papo agora é à brasileira. Mais à brasileira impossível. Givanildo de Oliveira. Nordestino e vencedor.

Vindo do pobre Nordeste, de gente obreira, trabalhadora. Tem cara de bravo e currículo cheio de taças. Dezoito. O Norte e Nordeste são dele. É rei em Belém. Ídolo em Recife. Respeitado em toda a região, mais do que Lampião já foi um dia. Mas no sul maravilha, é visto com desconfiança. É preconceito. Por que não conseguiria fazer o mesmo ultrapassando o trópico de Capricórnio? Vale um voto de confiança. Não precisa de mosaico com bandeira do seu estado natal, não vai ter homenagem da colônia nordestina, show do Genival Lacerda. Givanildo é como a gente, brasileiro. É Oliveira, como eu e milhões.

A decepção européia ficou para trás e vem alguém que pode trazer ao Atlético alegrias. Levou o Paysandu à Libertadores. Tem dois títulos de Série B, um deles com o América-MG. Ganhou tudo no Norte e no Nordeste. É uma das melhores escolhas entre os nomes à disposição, há uma carestia de bons técnicos no Brasil. Não é tiro no escuro, não é Casemiro Mior, não é aposta. É homem para se esperar resultado. Mas a gente tem que deixar o sujeito trabalhar. Stress é coisa da era Lothar. Com Givanildo poderemos ter mais tranqüilidade no CT do Caju.

Fica definido com Givanildo que Cléber é o titular da meta. Melhor assim. Não por Tiago, não devemos queimar o jovem goleiro. Mas é bom ter um nome definido para o gol, esse negócio de rodízio deixa qualquer goleiro inseguro. E Givanildo poderá fazer Cléber ter as atuações que o consagraram no Santa Cruz. É de a diretoria atleticana estudar a contratação de Carlinhos Bala, lépido atacante do Santa. Tem jeito que daria certo no Atlético. Lá tem também o Rosembrick, bom meia. O Nordeste sempre foi um celeiro de bons jogadores. Vale estudar alguém que o Givanildo indique.

Depois de tanto papo europeu, vai ser bom o brasileirês. Givanildo é o nome. De saída já merece o nosso respeito pelo seu currículo. Ficar com implicância gratuita com ele não é nada mais do que preconceito. Tchau, Lothar e obrigado assim mesmo. Mas o próximo técnico do Clube Atlético Paranaense é do país pentacampeão.


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