Sergio Surugi

Sergio Surugi de Siqueira, 66 anos, é Atleticano desde que nasceu. Neto de um dos fundadores, filho de um ex-presidente do Atlético, pai e avô de Atleticanos apaixonados, é doutor em Fisiologia e professor. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2009.

 

 

A ida dos que não vieram

18/03/2006


Se foi Mateus. Aliás, será que ele chegou a vir?

Em corpo, considerando que a clonagem humana ainda é ficção científica, veio sim, porém logo depois do primeiro jogo e das primeiras declarações do alemão como nosso técnico, passei a acreditar que a alma dele não estava no Atlético, em Curitiba ou no Brasil.

Comentei na época, com amigos e até no fórum do furacao.com, que achava Mateus excessivamente nervoso com os jogadores, imprensa, juízes e técnicos adversários. Sinceramente, raras vezes na vida vi um técnico de um time, bater boca com o do outro time. Mateus me deu esta oportunidade por pelo menos duas ocasiões. Das suas declarações, a maioria curta e grossa, extraio a “jóia” de que ele não se surpreenderia com o carnaval carioca porque na Europa tem carnaval por todo o lado. Isso é em parte verdadeiro, já que o carnaval surgiu por lá e nos dias de hoje, em alguns lugares do Velho Mundo, com destaque para Veneza, existe algo que lembra o nosso carnaval (principalmente para quem não gosta de samba), mas daí a comparar um desfile de fantasias, quase em ritmo de cortejo fúnebre, com o mundialmente famoso e animadíssimo carnaval do Brasil, é no mínimo má vontade para com o país em que supostamente se pretende morar. É desdenhar de um dos orgulhos e características marcantes do Brasil e de seu povo. Enfim, estes são detalhes, porém detalhes que, pelo menos para mim, demonstravam que o ex-craque alemão não estava confortável onde (e como) estava.

Mateus se foi, deixando alguns estragos, mas também ajudando a expor o Atlético no cenário do futebol mundial.

Que não se crucifique a nossa diretoria por causa desta confusão. Nossos diretores agiram com excelentes intenções, fizeram investimentos importantes e deram ao Mateus as melhores condições de trabalho que ele poderia ter, em qualquer lugar do mundo. Se não funcionou, seguramente não foi culpa do Atlético, que ao contrário, teve a oportunidade de mostrar mais uma vez, que é o time mais estruturado do Brasil.

Vamos esquecer o que passou e juntos, tocar a bola para o ataque, até porque, marketing por marketing, o que conta mesmo são as vitórias e conquistas consolidadas.

O Mateus foi só uma amostra grátis.

Tenho certeza que em breve os jornais europeus voltarão a falar do Atlético. E que Mateus ainda se arrependerá de não ter administrado as suas saudades. A ele e sua família, desejo toda a felicidade do mundo e agradeço pelo pouco que fez pelo meu Atlético.

Para não dizer que não falei das flores: todo mundo na Kyocera Arena hoje à tarde. Meu palpite é Atlético 4 x ADAP 1, não deixo por menos. Mateus já é passado, poderia ter sido futuro, mas nunca conseguiu ser presente.



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