Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Espelho meu

14/03/2006


Quem pode beber mais energético e vodca do que eu? E sair quase todas as noites e depois de comer costela madrugada adentro, tomar banho, trocar de terno e ir trabalhar? Ninguém agüenta, só eu mesmo!

Diga meu espelho, quem tem o cavanhaque mais bonito do que o meu? Não vale o Chuck Lidell ! Alguém, alguém? Ninguém!

Então me responda, meu espelho, se alguém joga melhor no meio campo nas peladas do que eu? Ou me diga se existe algum ponta que seja um rugbier de raça e talento comparados aos meus? Existe? Não né meu espelho!

Existe time, afinal, melhor do que o meu?

O espelho que deram a todos nós atleticanos este ano, é meio paraguaio. Olhávamos pro espelho e víamos goleiros sobrando, mais de um pronto e nos demos ao luxo de negociar um dos ídolos do time.

Vimos os alas, considerados os mais incisivos e atacantes do futebol brasileiro, insinuantes e excelentes cobradores de falta. Olhávamos no centro da bela moldura, a melhor e mais moderna moldura da América Latina como adoramos falar, e víamos a mais promissora dupla de zaga do Brasil.

Sem contar do meio campo, rápido, fogueiro, enfim, um timaço que tem ainda um craque de sei lá quantos milhões e mais milhões de dólares, euros, pratas, ienes, sei lá no ataque. Enfim, todos indagamos ao espelho se havia time “mais bonito” que o nosso.

Ah, e ainda tinha a cereja do bolo, o treinador sensação do futebol brasileiro, o campeoníssimo, ícone mundial Lothar Matthaus para dirigir essa constelação de craques.

Como se diz no Rio Grande do Sul, “nem tão lindo de se encanta, nem tão feio de se assustá”, o Atlético segue com uma inconstância impressionante. Não me conformo em ver jogadores que não levam a sério um jogo que vale vaga na semi-final de um campeonato que aprendemos, ano a ano a desvalorizar.

Graças também aos comandantes atleticanos, que criaram um monstro chamado campeonato estadual. Somos tão grandes, tão melhores que os demais, que vence-lo é obrigação, se perdermos, crise à vista! Entretanto, não somos a oitava porcaria do mundo, que ninguém presta e que devemos caçar as bruxas para retomar o caminho das vitórias. Mas seriedade e principalmente, parar de brincar com o comando técnico, se faz urgente.

A cada rodada fica provado mais e mais que temos o melhor time, o melhor elenco, melhor estrutura e blá blá blá que todo atleticano já sabe. Mas precisamos levar tudo isso para dentro das quatro linhas e ter certeza que não fomos uma máquina como muitos quiseram acreditar no começo do ano e que, para conseguir alguma conquista a mais que o Paranaense, que repito, é obrigação, necessitamos melhorar muito.

Quebremos o espelho, ou melhor, vamos deixa-lo de lado, pois diz a lenda que quebrando-o teremos azar. Sete anos de azar! Que possamos nos focar na realidade dos fatos, no que é palpável, no que é real. Temos um bom time, nada mais que isso, mas que concentrado, organizado e com disciplina pode ir longe. Ainda mais, se jogar o craque!


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