Juliano Ribas

Juliano Ribas de Oliveira, 51 anos, é publicitário e Sócio Furacão. Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2007 e depois entre março e junho de 2009.

 

 

Dinâmica do futebol

06/03/2006


Nada como um Pedro após um Aloísio. Ótimo para deletar este último de nossos arquivos. Pedro Oldoni apareceu, jovem e vigoroso, não já no ocaso, no poente. Com contrato até 2010, tudo certinho. As histórias do futebol são assim mesmo. Sai um personagem, entra outro. Não por acaso os grupos de jogadores são chamados de elenco. Se o futebol é arte, o campo é o palco e os jogadores são os atores. Pedro Oldoni é um novo talento, que tem muito a mostrar no palco mais bonito do Brasil. Essa história de não-ficção não pára, tem sempre surpresas e é repleta de efeitos especiais.

Devemos tomar os últimos acontecimentos - Aloísio, Lima, renovação de Dagoberto - como um ensinamento: nenhum jogador é imprescindível. Nenhum tem o direito passar por cima da história atleticana. Nenhum. Pedro Oldoni surge enchendo os atleticanos de alegria, como surgiu o brilhante Dagoberto e tantos outros. Jogadores são úteis, prestam seus serviços ao clube recebendo por isto até chegar a hora de ir embora, depois de ter ajudado a instituição a alcançar objetivos. Eles nunca dão tanta importância ao clube como nós, que ficaremos com ele até a morte. Um sentimento como gratidão muitas vezes é esperado, mas a recíproca na maioria das vezes é rara. A fila anda e agora é com Pedro na frente. Herrera também chega e aqueles que não acompanharam o ritmo do Furacão vão ficando para trás, como Denis Marques, que poderia estar em alta no Atlético, mas não se resolve pessoalmente. É isso que os jogadores e todos nós devemos entender. O futebol é dinâmico.

Temos que ter cuidado com jogadores para que eles dêem o máximo pelo clube enquanto estiverem nele. Nenhum jogador pode ser tábua de salvação, isso só serve para times desesperados, áridos em talento. O exemplo do Coritiba "Foot Ball Club" é clássico. Surge um menino imberbe, de nome bizarro, bom de bola. A torcida desesperada, a diretoria incompetente e a imprensa verde carente coloca todas as esperanças do time sobre este garoto "de vinte milhões de dólares". Todo o peso de uma instituição quase centenária nas costas de um menino. O menino se machuca e a casa cai. A diretoria incompetente que se empolgava com o fim fácil da uruca e sonhava com dias de glória, teve que tirar o eqüino da precipitação. Futebol não se faz baseado em um ou dois jogadores e as conquistas vêem com um trabalho bem feito por todos, dentro e fora de campo.

Bem-vindo Pedro Oldoni ao mundo mágico do Atlético Paranaense. Ao encantamento que a torcida mais vibrante do país proporciona. Que venha para juntar seu nome à uma galeria infindável de craques como Jackson, Cireno, Sicupira, Washington, Assis, Joel, Carlinhos, Paulo Rink, Lucas, Washington "Coração Valente", Alex Mineiro, Kléber e muitos outros atacantes. Que não deixe o dinheiro o cegar a ponto de cuspir no prato em que comeu. Que respeite a torcida para ter o seu respeito. Que respeite o Atlético Paranaense sem precisar fazer juras de amor, pois a torcida está escaldada. O que nós queremos é bola na rede, empenho, raça, dedicação, seriedade. É a melhor forma de mostrar alguma forma de amor.

Vamos virar esta triste página da nossa vida chamada Aloísio. Que fique restrita aos entraves jurídicos entre os departamentos competentes de Atlético e São Paulo FC. Um jogador limitado técnica e fisicamente como ele não vale todo este destaque. Obrigado, Aloísio, por aqueles dois gols que fizeste contra o Santos, na Vila Belmiro, na Libertadores, ao contrário de você, a gente sabe ter gratidão. Mas este é um assunto superado. O Atlético segue a vida, sempre atraindo bons jogadores, que vêm e vão. Viramos a página, com um monte de gente boa que não pára de chagar para escrever homéricos capítulos.

Anti-atleticano

Realmente a arrogância do Heber Roberto Lopes e seu sentimento anti-atleticano manifestam-se recorrentemente. Não vou nem falar do seu fraco desempenho como árbitro, o que já lhe valeu suspensões e citações por parte do bandido Edilson Pereira de Cravalho. Mas o que fez em Cianorte foi privar o Atlético de ter o mesmo direito que o técnico do outro time: passar instruções. Ele, que adora ter autoridade, mostra agora que esta autoridade é só teatro e cara feia dentro de campo. Todos os outros árbitros autorizaram o tradutor de Matthäus a ficar no banco ajudando o alemão a fazer-se entender aos atletas. Já Heber prende-se fielmente a uma norma que ele mesmo tinha o poder de flexibilizar, afinal, é um caso especial, na qual não poderia deixar que um técnico tivesse vantagem sobre o outro. Não, preferiu colocar a melancia no pescoço e aparecer.


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