Ricardo Campelo

Ricardo de Oliveira Campelo, 45 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma família inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.

 

 

Entre zagueiros e volantes

02/03/2006


Depois de sete vitórias consecutivas, o time de Lothar Matthaus tropeçou duas vezes seguidas em casa. Não vi o jogo contra o Iraty, mas parece que se pode creditar o empate ao árbitro que anulou dois gols atleticanos e validou um gol do adversário em impedimento - além de ter sido conivente com a violência pra cima de Dagoberto. O mesmo não se pode dizer desta partida contra o Malutrom (ainda não consigo chamar de Jotamalucelli com naturalidade).

É verdade que o juiz também foi mal na partida de ontem. Deixou de dar pelo menos um pênalti que pareceu ter sido cometido pela defesa adversária. Todavia, a escalação de Matthaus colaborou, ao meu ver, com a má atuação atleticana. O alemão resgatou uma formação utilizada pelo nada saudoso Mário Sérgio Pontes de Paiva, com três zagueiros e dois volantes. Com isso, quase todas as jogadas eram centralizadas no colombiano Ferreira - único meia de criação. Alan Bahia, no papel de segundo volante, até se apresentou para a armação, mas não é o seu forte (como ficou claro em um toque de calcanhar que matou uma boa jogada ofensiva no final do jogo).

Meus poucos conhecimentos de tática me levam a desaprovar esta formação extremamente defensiva. Quando se utiliza apenas um meia de armação, limita-se em primeiro lugar as suas opções de jogada. Ele terá apenas os atacantes para trabalhar a bola com qualidade. Com dois meias, tem-se uma opção a mais, o que tende a deixar o time mais criativo. No mais, ter um único meia facilita a tática para o adversário, que já saberá sobre qual jogador terá prioridade total de marcação.

Com a volta de Fabrício e a contratação de Válber, espero que Lothar desista deste esquema e volte a testar jogadores para compor o meio com Ferreira (Evandro é outra opção). Na parte defensiva, temos Alan Bahia, Danilo e Paulo André como titulares, e Erandir também já mostrou seu valor - podendo entrar como volante ou zagueiro. É o que basta para compor a defesa. O time precisa de dois meias capazes de criar jogadas, além dos dois homens de frente.

Voltando ao jogo de ontem, destaque negativo para Selmir, que desperdiçou uma boa oportunidade de brigar por uma vaga. Michel Bastos também decepcionou ao cometer um pênalti infantil no final da partida. E Ferreira ainda não encontrou a regularidade - ontem errou passes e pedeu um gol "feito".

É hora do time engrenar de vez. A Copa do Brasil está aí, e este tipo de resultado dentro da Baixada é inaceitável para as pretensões do Atlético de brigar pelo título.


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