Ricardo Campelo

Ricardo de Oliveira Campelo, 44 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma família inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.

 

 

31 do Aloísio!

22/02/2006


Cadê o Aloíso? Atrás da porta? Embaixo da cama? Já sei... atrás da cortina! Não... estaria escondido na casa do nosso amigo Marco Aurélio Cunha? Talvez... será que... deixa pra lá, melhor não imaginar nada... mas onde está Aloísio Chulapa? O oficial de justiça quer saber. Procurou por todo o Centro de Treinamentos do São Paulo, e nada.

Justo ele, Aloísio Chulapa... que parecia tão bom-caráter. “Ele é um cara bem simples, né?”, muitos diziam ou pensavam. Justo ele, Aloísio, que parecia tão simples, tão certo, tão “grato ao Presidente Petraglia por tê-lo trazido da Rússia para voltar a brilhar no Brasil”, como disse seu empresário uma vez... Justo ele, se escondendo do oficial do justiça. Fugindo, na cara dura, como faz o caloteiro que não pode honrar com suas dívidas. O atacante foge, não por não poder honrar com suas dívidas, mas por não querer honrar com sua palavra, com sua assinatura. Se o oficial o encontrar, terá que se apresentar ao Atlético, como o Juiz mandou. Mas Aloísio não quer. Prefere ficar no São Paulo ganhando um salário maior, jogando a Copa Libertadores, independente do que tiver assinado ou da “gratidão ao Presidente Petraglia”, que foi buscá-lo no auge do seu ostracismo russo e a despeito de suas seguidas contusões.

Não sei qual o esconderijo de Aloísio. Mas sei que se esconde. Assim como outros jogadores, Aloísio se esconde na figura do empresário para deixar a ética, a gratidão, e outras coisas que podem atrapalhar o caminho da ambição. Essa é a maior função do empresário de futebol: fazer com que o jogador não caia na tentação de sucumbir a valores como gratidão e ética, abrindo mão de ganhar mais e mais dinheiro para ambos.

É muito fácil deixar tudo na mão do empresário. É como se eximir das negociações. “Vejam bem, é meu empresário que está pedindo isso, ele que sabe o que é melhor pra mim”. Vejam o caso de Dagoberto. Não quero aqui advogar para o Clube dizendo que sempre deu tudo do bom e do melhor para o atacante, como se fosse uma instituição filantrópica. Nada disso, o Atlético investiu em Dagoberto porque queria usufruir de seu futebol e depois lucrar com sua venda, como acontece no mundo inteiro. E é justo, oras.

O Atlético criou Dagoberto. O formou como atleta (o jogador tem um talento absurdo, mas certamente a estrutura do Atlético desde a base tem participação no êxito de sua carreira). O possibilitou mostrar seu talento na Seleção Brasileira, no Globo Esporte, e em tudo que é canto. Bancou o tratamento de sua contusão em nível (e custo) internacional, para que nenhum Clube no mundo tivesse dúvidas quanto ao sucesso de sua cirurgia. E a torcida do Atlético? O quanto fez por Dagoberto... o quanto apoiou o jogador em todos os momentos, desde que o viu, quase impúbere, jogando na Baixada quando o Atlético perdeu para o Cruzeiro em 2002 pela Copa Sul-Minas. Vá estrear como profissional em outros times pra ver se a torcida vai dar sossego.

Diante de tudo isso, o Atlético tem todo o direito de lucrar com a venda de Dagoberto. O Atlético sempre foi e pode vir a ser mais útil para o jogador do que seus empresários. (obs: falando em futuro, a Massa Sports pode ter sido muito útil na venda de algum jogador de times de menor expressão para a Alemanha, mas quanto ao Atlético, pode deixar que nós sabemos negociar com o exterior, há muito mais tempo e muito melhor).

A situação contratual de Dagoberto ainda é obscura. Mas chegou a se desenhar a possibilidade de o jogador sair do Atlético deixando este com uma contra-prestação ínfima em comparação com o que merece. Agora, as notícias são de que teria feito uma pedida salarial absurda para renovação, talvez com o intuito real de realmente inviabilizá-la.

Não sei qual a verdade sobre o caso, nem qual o futuro. Mas, não fosse a máscara do empresário, duvido que veríamos sua gratidão pelo Atlético colocada em cheque. Deixando tudo na mão da Massa Sports, é mais fácil. Como Aloísio deixa na mão da 94 Sports. “Eles estão vendo o que é melhor pra mim”. Mal sabem os jogadores que os empresários estão vendo o que é melhor pra eles. Vendo como a comissão pode ser maior. E mal sabem os jogadores que melhor nem sempre é ganhar mais. Melhor pode ser priorizar outros valores que não o monetário. Mas aí vai do caráter de cada um.

São Paulo

São-paulinos, por favor não percam seu tempo nem o meu. Seus e-mails serão deletados. Parem de ler sites de times que consideram menores e voltem ao mundo de arrogância em que vivem. Mas perguntar não ofende: será que vocês comprariam carro usado, passariam cheque em branco ou comprariam bilhete premiado das pessoas que defendem?


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