Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Facetas do mesmo prisma

20/02/2006


Interessante ver a mesma coisa por ângulos diferentes. Domingo mesmo, tive um grande exemplo, pois enquanto a Rede Globo (a nacional, não a estadual que passa o campeonato paulista) , fazia uma interessante e entusiasta matéria sobre o mega-show do Rolling Stones na praia de Copacabana enfatizando ter sido o maior show da história, que os ingleses foram sensacionais no palco e que o público viveu momentos mágicos e de catarse coletiva, não comentou os inúmeros problemas na organização, que podiam ser vistos, quase no mesmo horário na Rede Record.

O mesmo show, os mesmo espectadores, os mesmos artistas, mas com enfoques diferentes. De um lado só a magia, o momento ímpar, do outro a cobertura de um show que já nasceu grande, mas que acarretou esfaqueamentos, brigas, sangue, desmaios e vários furtos nas areias de Copacabana.

Para uns, foi o frágil Coritiba, ainda mais fraco que o rebaixado em 2005, é que não jogou nada, enquanto outros apontam a melhora técnica, o conjunto e a vontade do tricolor na incontestável goleada por três gols na tarde de domingo. E foi o mesmo jogo!

Tudo isso, para chegar onde quero. O caso Aloísio, onde muito já foi escrito e, me permitam, gasto muito neurônio, fôlego e saliva para se tratar de um jogador mediano, que nos foi útil nos poucos momentos em que sua débil condição física permitiu, mas que não é melhor que Dagoberto, nem de longe por exemplo. Joga muito menos que Lima, recém seqüestrado, ops, contratado pelo SPFC e muito, mas muito menos que Grafite e que Amoroso, por exemplo.

Não há o que se contestar sobre a magnitude do tricolor, sua imensa galeria de títulos e a sabedoria em sua administração, que trocou o dinheiro que gastaria em times que não bateriam o Santos de Pelé, nem a Academia alviverde, para construir um gigantesco estádio que faz com que os outros paulistas tenham que lhe pagar aluguel para jogos importantes afim de usá-lo. Em sã consciência, é impossível desprezar os números, que fazem do São Paulo Futebol Clube um dos grandes do futebol brasileiro.

Reside aí, justamente, a indignação de muitos atleticanos. Tão poderoso, tão forte, tão cheio de títulos (amigo, se apegue apenas nos seis maiores títulos deles: 3 Libertadores e 3 Mundiais), tão cheio de artimanhas que o fizeram se livrar da Baixada na final do torneio continental ano passado, enfim, o São Paulo é tão tão, que fica difícil entender porque usa de artifícios, de métodos pouco recomendáveis para conseguir o que quer! Precisa disso? Como dezenas de inteligentes torcedores do tricolor do Morumbi (viu o respeito, nem chamei de bambi) tanto dizem e escrevem nos perturbando diariamente, o Atlético é muito pequeno, não é nada perto do São Paulo, então por que essa preocupação conosco? Por que lutar, sabedores que não estão com a razão, por um jogador que lá, assim como cá, ficou mais tempo na enfermaria que dentro de campo?

Complexo de inferioridade ou mania de grandeza?

O Atlético, com toda humildade que teve que ser aprendida por seus mandatários nestes anos, emprestou o jogador para que o São Paulo representasse não só o futebol brasileiro como o sul americano no Mundial e é isso que tem em troca? O Furacão quer apenas o correto, o certo, o justo. Pagou pelo ingrato jogador e simplesmente quer receber pela sua cessão, tão difícil assim entender?

Por quanto foi Grafite, Amoroso? Estaria o tri campeão do mundo com problemas de caixa? Duvido! A questão virou birra, coisa de criança mimada, não combinando com a grandeza tão propalada por sua saltitante torcida e principalmente pelo elfo que responde pelo futebol daquele time.


ARREMATE

“ Você que é feita de azul, me deixa morar nesse azul” – Antonio Carlos Jobim - 1964


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