Patricia Bahr

Patricia Caroline Bahr, 43 anos, é jornalista e se descobriu atleticana nas arquibancadas do Pinheirão, no meio da torcida, quando pôde sentir o que era o Atlético através dos gritos dos torcedores, que no berro fazem do Furacão o melhor time do mundo. Foi colunista da Furacao.com entre 2002 e 2010.

 

 

A cartilha do alemão

17/02/2006


A frase saiu em alemão. Demorou alguns segundos para que a gente pudesse entender. Mas, depois que Klaus Junginger cumpriu o seu dever e a traduziu, percebemos que definitivamente Lothar Matthäus entendeu qual é o espírito do atleticano.

Ele não precisou mais do que duas semanas em Curitiba. Não precisou sequer aprender o português. Bastou conhecer um pouco da essência do Atlético (a torcida) e já captou o que é o clube. E soltou: “Alguns jogadores não podem vestir a camisa do Atlético com essa falta de motivação. Eles têm de entender que é uma honra vestir essa camisa". Precisa dizer mais alguma coisa?

Na cartilha do alemão não pode indisciplina, falta de vontade, falta de comprometimento com o próprio Atlético. As primeiras vítimas foram Rodriguinho e Denis Marques. Para quem apostava em dificuldades de comunicação como uma barreira para Matthäus no Atlético, taí uma prova totalmente contrária.

Matthäus não precisa falar em bom português para se entender com a torcida. Basta falar mesclando inteligência e paixão. O resultado pode sair em alemão, português, inglês... Mas, mais do que isso, sairá em idioma atleticano. Talvez, daqui alguns meses, Lothar entenda porque a torcida já se identificou com ele. Não foi apenas porque ele é um ícone do futebol mundial, uma celebridade, um jogador com uma história brilhante dentro dos gramados. Foi porque quando chegou aqui ele disse, à sua maneira, aquilo que todo atleticano sabe desde pequenininho: “Rubro-negro é quem tem raça e não teme a própria morte! Atlético, Atlético, conhecemos o seu valor e a camisa rubro-negra só se veste por amor!!!”.


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