Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

Que preguiça, Atlético!

13/02/2006


“Raça, raça, raça”. Só na Baixada? Somente ao som de mais de cinco mil atleticanos o time é capaz de ter, no mínimo, vontade de jogar futebol? O Atlético precisa ser o Atlético, na Arena ou em qualquer lugar do mundo.

Não há campo esburacado, não há campo pequeno e não há calor que justifique a preguiça que o time do Atlético demonstrou, vergonhosamente, ontem em Rolândia. Foi de irritar. Se a equipe jogasse 10% a mais do que jogou, se tivesse um pouco mais de vontade de jogar futebol, traria, além dos três pontos, uma elástica vantagem no placar. Talvez dois ou três gols de diferença.

Tudo bem, tudo bem, o campeonato paranaense não é tão interessante assim, mas não podemos jogar isso pelo ralo. Temos que ganhar e somos obrigados, diante de todos os privilégios que temos em termos de futebol, a mostrar uma equipe de condições e repleta de motivação. Onde está a motivação? Onde está o ânimo em jogar futebol? Ontem, pelo menos, sumiu. Não estava em campo. O Atlético foi um bando de individualidades “burras”, e diante de um time horrível como o Nacional, conseguiu fazer a tarde dos “chutões”. Feio, de dar raiva.

E antes que falem alguma coisa, não estou sendo “corneta”, não quero ser chato. Só quero ver o time ter vontade de jogar bola. Quero ver o time com o espírito do Dagoberto, ir pra cima do adversário, sem medo de errar, com segurança, com fome de gol, com vontade de vencer. Não é possível que um time como o Atlético tenha tão pouco a apresentar. Não, não é possível! Não quero acreditar nisso. E a torcida atleticana, que tanto se doa ao seu time do coração, será que aprova um Atlético como o de ontem?

Vejam só, até a dupla de zaga, Danilo e Paulo André, que costumam ser mais confiantes, pareciam estar “perdidos”, pensando na Copa do Brasil, talvez. Erandir não voltou a apresentar um bom futebol. Cristian é titular absoluto no banco de reservas. Essa vaga é dele, ninguém tira! Cléo é um centroavante que não chuta, então não é centroavante, me desculpem! Ferreira, até você Ferreira? Não entrou em campo. E o que falar de Moreno e Bruno Lança? Nada, para não entrar em desespero, melhor é não falar nada. Um time que joga sempre pelo meio, com as jogadas mais previsíveis do mundo, com chutão, chutão e chutão, sem jogar pelas alas, não dá. Sem jogadas pelas laterais, realmente não dá! Dagoberto não pode ser o lateral direito e o lateral esquerdo o ano inteiro.

Duas coisas boas posso perceber deste final de semana: o retorno de Evandro aos gramados (finalmente) e a boa percepção do alemão Lothar Matthäus. Alguém já deu a ele a dica principal, fundamento básico do clube: “é preciso amar o Atlético”. Além de força, de vontade e de motivação, é preciso honrar a camisa. E Matthäus está certíssimo: “tem jogador que não pode jogar no Atlético”.

Que isto sirva de alerta nestes dois dias que nos separam da estréia na Copa do Brasil, competição considerada tão importante para todos nós, atleticanos. Tenho certeza que algo vai mudar, mas o que mais precisa mudar é o comportamento dos atletas dentro de campo. Ou a seriedade passa a ser tema principal no CT, ou teremos péssimas notícias em pouco tempo. Não quero falta de vontade, falta de tesão, falta de hombridade. Não quero boemia, não quero desrespeito e não quero chutão. Quero classe, quero toque de bola, quero o meu Furacão, forte e valente, seja contra o Nacional, contra o Coritiba, contra o Santos, São Paulo ou Corinthians.

Eu não quero este time que jogou em Rolândia. Este não é o meu Atlético.


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