Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

Importâncias

06/02/2006


Mais importante que as atrações contra o Galo Maringá, mais importante até mesmo que a estréia oficial do técnico Lothar Matthäus no comando do Atlético, foram os três pontos. Um empate ou até mesmo uma derrota na Baixada poderia dar margens às mais duras críticas ou até algumas frases de “eu já sabia”, vindos de olhos dos invejosos que observam o crescimento do Atlético. Por enquanto, eles continuam calados, apenas observando com o canto dos olhos, com exceção de um radialista que criticou tanto a contratação de Matthäus, que até se sentiu comovido com o frisson da galera e queria estar no meio do povo atleticano para aplaudir o alemão.

A festa foi bonita, chegou a arrepiar. Mais uma vez tivemos a auto-estima batendo na cobertura da Arena, o ego inchado e o orgulho máximo em ser atleticano. Desde antes da entrada de Matthäus em campo, o momento mais esperado da tarde de domingo, até o apito final do árbitro, só mesmo quem estava na Baixada tinha a exata importância daquele momento e as respostas sobre “como o Atlético consegue colocar mais de dez mil pessoas em um simples jogo do fraco campeonato paranaense?”. E com o ingresso mais caro do Brasil. Coisas de atleticano!

Apesar de festeiro e de estar com sua alma lavada de felicidade, cada atleticano sabia também que não encontraria um time voando em campo. Nem perto disso, e não seria da noite para o dia que o Furacão iria jogar para vencer e convencer. Apenas venceu, mas isso bastou para a busca da tranqüilidade e para abrir um caminho de muito trabalho que Matthäus terá pela frente.

Entre tantos fatos e tantas situações importantes, tivemos o tão esperado retorno de Dagoberto, e quem teve a oportunidade de acompanhar tudo o que envolveu este retorno, também acompanhou a evolução da “cabeça” do craque. Após o jogo, com respostas objetivas e coerentes, respondeu à critica e disse que está aqui pra jogar futebol e dar as respostas dentro de campo. Mostrou desenvoltura e, ao meu ver, uma postura diferente, mais madura e muito mais profissional.

Por outro lado, Dagoberto não pode ser considerado como solução de todos os problemas do Atlético. Portanto, como o momento mais importante de toda a primeira rodada do returno do Atlético, meu voto vai para o assunto “Dagoberto”, na entrevista coletiva de Matthäus: “Mesmo sem Dagoberto, o Atlético poderia ter vencido”, disse o alemão. Essa declaração pode ser uma via de várias mãos. Pode reduzir a responsabilidade de Dagoberto nos jogos em que participar, dando assim mais tranqüilidade ao atleta, pode fazer com que o jogador procure sempre a humildade e saiba que não é insubstituível, mesmo sabendo que continua sendo um grande ídolo e considerado um craque de bola, e pode também fazer com que todo o elenco assimile este simples recado transmitido por Lothar.

Todos precisam trabalhar, e trabalhar muito para conquistar um lugar no time. Não há xodó, não há preferências e não haverá lógica. Será preciso e será fundamental que os jogadores mostrem empenho e mostrem condições para estar em campo ajudando o Atlético. Matthäus é amigo, é companheiro, cativou o elenco, agradou a torcida, mas viu ontem, bem de perto, o Atlético em campo. E já mostrou que de bobo, não tem nada.

Mãos à obra, Matthäus!


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