Sérgio Tavares Filho

Sérgio Juarez Tavares Filho, 45 anos, é jornalista e morou até os 12 anos em Matinhos, litoral do Paraná. Acompanha o Atlético desde que nasceu e vive numa família 100% rubro-negra. Até os cachorros se chamam Furacão e Furacão Júnior. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2009.

 

 

Quem pariu Matthäus que o embale

30/01/2006


Parece Natal. Com as mãozinhas para trás e a cabeça vidrada no presente, a criança não vê a hora do Noel chegar. Ainda mais quando o presente é tão anunciado. "Você vai ganhar um Lothar Matthäus, você vai ganhar um Lothar Matthäus". O embrulho é chique, daqueles que dá até dó de jogar a embalagem fora. Vem até com uma fitinha vermelha e preta para fechar o pacote.

Quase um mês depois de ser anunciado treinador do Atlético, Lothar Matthäus chega em definitivo. De novo os holofotes, teclados, canetas e máquinas fotográficas da imprensa mundial destacarão o Furacão. Vai ser mais uma enxurrada do premiadíssimo marketing rubro-negro. Jornais da Índia, Estados Unidos, Rússia, Alemanha, Chile, Peru, França, Austrália e mais uma infinidade de países vão falar do nosso clube. Aquele mesmo em que há 12 anos não tinha onde treinar e vivia da boa vontade de técnicos em aceitar o desafio de montar um time de Curitiba.

A revolução não foi só de Petraglia, Fleury, Adur, Zimermann, Faria, Holzmann, Fornéa ou Gomes. Todos os atleticanos, de uma simples aquisição de um adesivo na loja do Shopping Total ou de uma cadeira na Kyocera Arena, fazem parte dessa história. São torcedores que cantaram o hino e foram para os colégios com a camisa e o orgulho feridos pela goleada de 5 a 1 favorável ao Coritiba, que souberam aproveitar as adversidades para criar um fato novo. Todos nós somos responsáveis pela grandeza do nosso clube.

E como responsáveis diretos na vinda do Lothar Matthäus, temos de ter paciência com o alemão. Ao passar o bastão para o europeu, o interino Vinícius Eutrópio garantiu que a pré-temporada do elenco termina na próxima terça-feira. Vai terminar, mas as dificuldades, principalmente no paranaense, só tendem a aumentar. Se já era importante ganhar do Atlético em qualquer situação, com o homem da terra do chopp vai ser maior ainda. O que não podemos fazer é cobrar resultados imediatos. O time-base, agora com Adriano em definitivo, ainda está sendo moldado. Só com ele, Ferreira, Evandro, Dagoberto e Denis Marques é que teremos uma noção do que vai ser a temporada 2006.

Não queremos presente chique com problema. A manutenção, apesar da garantia, costuma dar muita dor de cabeça. Precisamos embalar Matthäus e o nosso Atlético. E quando existe a interação, o embalo de todos os setores atleticanos, a festa é completa.


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