Fernanda Romagnoli

Fernanda Romagnoli, 51 anos, é atleticana de coração, casada com um atleticano e mãe de dois atleticanos. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2009.

 

 

Não duvide

29/01/2006


Estar em casa, voltar de férias. Momentos bucólicos em meio a dias ensolarados; passeios e brincadeiras sem fim com a criançada; esvaziar a mente fugindo dos problemas e dificuldades diários. Mais um ano de trabalho se apresenta antes que eu possa fazer tudo de novo, de um jeito diferente é claro. Afinal, as coisas mudam.

E não é que é bom estar de volta? Sim, mas talvez fosse melhor se tivéssemos que nos preocupar somente com o “treinão” - nome que dou ao Campeonato Parananense, algo que eu e o time do Atlético deveríamos respeitar mais. Infelizmente, temos de nos preocupar com situações extra-campo, as quais honestamente, cansam meus olhos azuis, mas sobre a qual gostaria de colocar algumas palavras.

Desde o raiar do ano de 2006, temos um levante da torcida contra uma “firma” de representação de atletas. Assim, entre aspas, pois a empresa em questão me lembra muito o livro homônimo de John Grisham. Conspirações, controle absoluto da vida do empregado, abuso de poder, entre outras coisas terríveis. No livro a firma era gananciosa, nasceu assim. Para se manter, contratava quem eles identificavam com uma ambição desmedida e estavam dispostos a pagar o preço da liberdade para terem dinheiro e poder. Engraçado como as vezes a vida imita a ficção.

Então me dirijo a vocês, que fazem parte de uma nação inteira indignada com o transcorrer do assunto. A situação como está não é boa para ninguém. Nem para os atletas, nem para a firma, nem para o Clube Atlético Paranaense – que é quem detém minha total atenção e esforço.

Vale lembrar de momentos em que nós torcedores conseguimos proezas com nossa arte de torcer. O abraço na Baixada, quando tiraram nossos pontos e baniram o senhor Petraglia do futebol. O movimento fica Petraglia, quando este se desligou do clube e foi tirar seu período sabático (talvez numa esperta medição de audiência). Teve também o movimento fora Petraglia, quando este andou exercendo seu poder de forma um pouco abusiva e arbitrária. E o muro do colégio? Quem vai ao estádio em uma tarde e noite sem futebol para vibrar com a queda de um muro e a construção de uma arquibancada? Só mesmo a fanática e inigualável torcida do Atlético.

Agora, com relação a este episódio contra esta empresa procuradora de atletas, devemos tomar cuidado. Não há qualquer sentimento de covardia no meu alerta. Falo aos de torcida, aos que pertencem a organizadas e aos que, como eu, não têm qualquer vínculo com uma. Cuidado para não serem envolvidos em tramóias políticas, com ou sem fim eleitoreiros. Peço que torçam, protestem, busquem seus direitos, mas cuidem para que não sejam apenas peça de picuinha política. Nosso maior objetivo é o Atlético Paranaense, só ele e por ele. Se tivermos que abraçar a Arena, se tivermos que protestar, se tivermos que vibrar, estaremos lá – mas sem qualquer alusão aos caras-pintadas da década de 90, que foram manipulados por seus mentores. A torcida junta tem tanto poder quanto um cartola, ou quanto um procurador de idoneidade duvidosa que acha que tem poder porque representa um atleta que se deixa levar em bobagens. Podemos “fazer chover”, levantar ou fazer cair.

Lembro de uma entrevista concedida pelo senhor Petraglia a uma rádio, quando um dos comentaristas o questionou cinicamente sobre as decisões do Clube, ele disse: “Nunca duvide do Atlético”. Pois bem.

Nunca duvidem da torcida do Clube Atletico Paranaense.


Este artigo reflete as opiniões do autor, e não dos integrantes do site Furacao.com. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.