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Rogério Andrade
Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.
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Tempos que ficaram para trás deixaram saudades. Não há como negar que, em matéria de futebol, bola na rede, espetáculo nos estádios, o torcedor já foi muito mais feliz. Quanto a isso, não há dúvidas. O calor vindo das arquibancadas alimentava, jogo a jogo, a paixão de um povo. Paixão que já esteve muito mais ameaçada, mas que hoje talvez não seja mais a mesma. Tudo bem que o futebol evoluiu, e precisa evoluir, mas o torcedor, querendo ou não, principalmente aquele torcedor que “nasceu” no futebol há muitos anos, sente um absoluto vazio diante de determinadas situações.
Para se ter uma idéia de como o futebol era praticado em anos passados, basta acompanhar um simples relato de “mágicos” da bola, como Sicupira. Ele mesmo afirma que as conquistas eram suadas, que cada vitória era fruto de um esforço enorme, e cada atleta dava ao seu time, mais do que futebol, ofertava a vida. Abria mão de muitas e muitas coisas somente para jogar bola. Apenas jogar bola. Não havia estrutura apropriada, não havia condições ao mínimo razoáveis para a prática do esporte mais apaixonante do mundo, mas havia muito mais “amor”. Amor ao time, ao clube, à camisa.
Logicamente os tempos trouxeram benefícios, principalmente a nós, atleticanos. O orgulho e o prazer que temos ao olhar as “coisas” que o Atlético conquistou com o passar dos anos, enchem os olhos de qualquer um. A paixão do torcedor atleticano também não é maior, nem menor do que antes, mas talvez seja praticada de uma forma diferente. Das coisas iguais, ainda nos resta o bom batuque da torcida organizada e o amor cravado dentro de nós ao falar do nosso Atlético Paranaense.
Nos arredores, mistérios, dúvidas, e muito, mas muito dinheiro. É necessário, não apenas para a sobrevivência e melhores condições dos clubes e dos atletas, mas faz com que o futebol perca o tesão da sua essência, a verdadeira fibra e emoção de anos atrás.
Hoje em dia, jogador é idolatrado pela torcida, faz juras de amor eterno, faz gol e leva o torcedor à loucura. Dias depois está enrolado à bandeira de outro clube, chorando como uma criança com um título conquistado. Justamente um clube que se tornou um dos maiores rivais daquele mesmo clube que dias atrás o atleta havia declarado amor eterno. Coisas do futebol moderno.
Hoje em dia, jogador pode reinar, tem esse direito. Pode recusar, pode escolher o cofre mais cheio, e ainda tem o direito de ser “marrentinho”. A impressão que deixam, muitas vezes, é que o clube está sempre em segundo plano. Pois é, talvez eu ainda não tenha me acostumado com isso.
Fico pasmo ao perceber um “piá” amarrado aos mais fortes procuradores. E o pior, um garoto como o Dagoberto, que não joga um futebol bom ou razoável. O guri bate um bolão. E está aí, sem forças e sem opinião própria. Como os “outros”, se deixou envolver por “olhos no exterior”, “vida mansa”, promessas e mais promessas de sombra e água fresca. Concordo, todos os profissionais merecem suas recompensas, mas antes de qualquer merecimento, precisam trabalhar, trabalhar e trabalhar. Dagoberto não possui apenas vínculos. Possui um compromisso com quem lhe deu pão e água, e possui um compromisso com um povo que já não agüenta mais implorar. Isso não é irresponsabilidade. Isso é sacanagem!
Mas tudo bem, o futebol continua aí, brilhando, e não será o enrolado na bandeira tricolor ou o Dago do povo atleticano que farão com que as coisas mudem aqui, dentro de nós. Com ou sem eles, o nosso ideal maior continua sendo o nosso tão querido e amado Atlético. O resto...bom, o resto preciso ainda me acostumar.
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