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Juliano Ribas
Juliano Ribas de Oliveira, 51 anos, é publicitário e Sócio Furacão. Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2007 e depois entre março e junho de 2009.
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Dago é da Massa. Da Massa Atleticana
24/01/2006
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Os clubes de futebol não podem viver sem os jogadores, assim como os jogadores não podem viver sem os clubes. É uma relação simbiôntica. Mas algo sobra nesta convivência. São os "empresários". Ou "procuradores", "agentes", ou ainda "representantes". São os novos players do negócio futebol, que entraram em ação com o vigor da Lei Pelé. Qualquer sujeito pode ser um "agente" e entrar nesse negócio lucrativo. Num país como o Brasil, que tem talentos em cada esquina, é uma mina de ouro.
Dagoberto era um menino de uma pequena cidade do interior, Dois Vizinhos, que batia bem uma bola. O garoto franzino, com as unhas cheias de terra devido aos serviços de bóia fria, deixara as aragens e os plantios para brilhar no futebol. Graças ao seu talento e a espetacular estrutura atleticana, transformou-se no Dago da massa atleticana. Ídolo máximo dos dias atuais do Rubro-negro.
Não é por acaso que, depois que se estruturou, o Atlético começou a revelar jogadores às pencas. O CT do Caju tem as melhores instalações de um clube nacional e que oferece a garotos de todas as categorias, moradia, alimentação balanceada com todas as vitaminas que em geral estão em déficit nestes garotos, dentista (talvez a primeira consulta da vida é feita no Atlético), psicólogo, educação, centros de informática, transporte, atenção e carinho. Muitos vêm do interior, pobres e encontram no Atlético o apoio para superar a distância da mãe, da família. Transformam-se em homens dentro do clube. Alguns deles vingam, a grande maioria, que teve os mesmos investimentos, não dá em nada. Mesmo assim, esse trabalho de garimpo é indispensável aos clubes. Revelar jogadores e vendê-los na ribalta é a forma que os clubes se mantêm. Bilheteria, patrocínios e licenciamentos de produtos são incipientes em um país como o Brasil, comparados com o que se tem lá fora. Aqui, cobrar R$ 25,00 de ingresso, pouco mais de oito dólares, é considerado um abuso.
Quando os atletas se tornam promissores, surgem eles: os agentes. Gente de todo o tipo, que na maioria das vezes não entendem nada de futebol, das nuanças do esporte, mas entendem de esperteza. Qualquer um pode ser um agente FIFA, é só fazer uma prova com vinte perguntas sobre a legislação esportiva e ter conhecimentos superficiais de direito trabalhista e cível e pagar mil reais. Interessa? Hoje em dia está mais fácil que passar no exame do Detran. Uma porta aberta para malandros e afins. O Atlético tem um imbróglio atualmente com a Massa Esportes, do famigerado ex-repórter do "Cadeia", ex-deputado federal e atualmente apresentador de programas de baixo nível e mexendo com vários negócios, Carlos "Ratinho" Massa.
Dizem setores da torcida atleticana que o Dagoberto está fazendo corpo mole para, ao final do contrato, deixarem o clube sem benefícios a este, aconselhado pela empresa Massa. E com o desabafo do presidente Fleury da Rocha, vemos que pode não ser apenas teoria conspiratória de torcida. Há algo estranho nisso tudo. Dagoberto não se apresentou na data correta, está fora de forma e parece pouco interessado para quem quer uma vaga na Seleção Brasileira, a poucos meses da Copa. Ele tinha que estar babando de vontade de jogar, de treinar. Há uma reclamação quanto a salários, supostamente baixos para um atleta de seu nível. Todos sabemos o que joga o Dagoberto, mas para fazer jus a um salário, deve-se trabalhar e mostrar em campo suas qualidades, ontem já passou e ele, infelizmente, ainda não conquistou nada pelo Atlético sendo protagonista. Há versões da mesma história dos dois lados e, não por ser atleticano, mas por não acreditar mais em "amor à camisa" no mundo do futebol, desconfio que há algo de podre na Massa.
Num jogo de interesses como este, quem perde é o jovem atleta e o público brasileiro, que se vê privado da arte que é a bola que o Dago joga. Já o empresário não tem muito a perder, pois bons e ambiciosos jogadores surgem aos montes. Dagoberto perde porque tem sua imagem arranhada frente à fanática massa Rubro-negra, a verdadeira "massa" que o quer bem. A massa que sempre quis vê-lo conquistar títulos com o Atlético, que chorou sua contusão, que acompanhou o seu calvário, que comemorou sua "quase volta". Ao invés de ficar dando posições sobre sua situação à imprensa, deveria mostrar toda a vontade de voltar a vestir a jaqueta atleticana, apenas colocar-se à disposição. Por parte da massa atleticana, esta deve apoiá-lo e de forma alguma hostilizá-lo em seu retorno, seja quais forem os motivos que a Massa do Ratinho dê para isso.
Os clubes vêm perdendo dinheiro, sendo traídos sucessivamente e a mídia em geral coloca as instituições como vilãs. A culpa é sempre dos "cartolas". Mas há bons "cartolas" e maus. Clubes maus pagadores e outros bons. Dirigentes sérios e fanfarrões. Assim como há bons agentes e ruins. Como o agenciamento de atletas é uma modalidade relativamente nova no país, é muito grande a chance de se encontrar aventureiros. Já o futebol brasileiro em nível de gerência, vem passando por uma depuração e uma revisão de valores já a algum tempo, uma mudança na qual o Atlético é pioneiro e exemplo. Um clube como o Atlético Paranaense, vanguarda em termos de administração, não pode ficar à mercê de pessoas que têm apenas interesses financeiros, que não prestam o serviço que um clube como o Atlético Paranaense presta a Curitiba, ao Paraná e ao Brasil.
Até hoje Kleberson têm seu nome ligado ao Atlético, assim como se você pensa em Adriano Gabiru você não pensa em outro clube a não ser o Furacão. O Atlético deixa uma marca muito grande na vida daqueles que vencem dentro deste fantástico clube. Que o Dagoberto perceba isso e deseje vencer dentro do Atlético. Que ele perceba que neste momento o Atlético pode proporcioná-lo um confluência de fatores que serão fundamentais para colocar seu nome novamente nos píncaros: idolatria da torcida, uma das maiores idolatrias que eu já vi no estado e um clube que oferece todas as condições e consegue grandes negociações para seus atletas, e que está em voga atualmente por ter trazido um dos maiores jogadores da história do futebol mundial para ser técnico. Aproveita Dagoberto. A massa atleticana, a massa que verdadeiramente torce por você, não pelo dinheiro que você pode proporcionar, está esperando de braços abertos e com um só grito "Daaaago-Dago-Dago-Dago-Dago: é Dagoberto! Não brinque com o coração desta torcida, rapaz.
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