Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Vivendo e aprendendo

24/01/2006


Um dia ele reclamou com os colegas de turma. Todos só queriam ouvir Legião Urbana. Ele achava babaca, ainda mais com o vocalista 'viado' da banda do Distrito Federal. Preferia o sangue nos olhos do Ira! ou a rebeldia meio adolescente dos Titãs. Hoje sabe estar errado, até mesmo por ver os bons e velhos Titãs gravando músicas de acampamento e que serão tema de novelas globais. E aprendeu a admirar o poeta Renato Russo.

Criticou ingressos caros, venda de craques pro exterior, elitização da torcida, setorização do estádio. Custou, mas hoje entende que no futebol, assim como na vida, há males que vêm para o bem. O custo é alto? Sem dúvida, mas e o benefício encontrado? Vale, como vale a pena!

Aprendeu a esperar, aprendeu a aguardar. Mas também cobra. Procura saber a hora certa, mas cobra. Aprendeu que nunca se deve cuspir no prato onde se come, que o mundo dá voltas. Viu a arrogância dos amigos "coxas", senhores do bem e do mal, que teimaram em não ver o óbvio e dá risada deles hoje em dia. Mas sabe que a roda gigante que hoje nos coloca lá em cima, pode nos derrubar, assim como o ocorrido com o rival verde, que joga com camisas pintadas e cujo estádio faz chover mais onde é coberto do que na área desprotegida.

Mesmo assim cobra. E me cobrou escrever tudo isso, um pouco de mim, um pouco dos outros. Nosso maior craque em anos é uma eterna incógnita. Dago volta, Dago não volta? Ele está feliz com seus agenciadores? E no Atlético? Seremos vítima de sua vontade?

Afinal, quem descobriu Dago, quem o trouxe do interior, dando-lhe condições de se preparar, estudar, ganhar músculos, integrar e ser destaque de Seleções Brasileiras de base, conhecer o mundo, virar figurinha carimbada em álbuns, ser ídolo até mesmo de outras torcidas, ser espelho para toda uma geração de garotos? O Atlético ou seus procuradores?

O mundo muda, os negócios são dinâmicos, mas na ponta do lápis Dagoberto mais deve ao Atlético do que este a ele. Quantas taças levantadas, quantas conquistas alcançadas? Cobramos, porque sabemos que dali sai coisa boa. Não queria ter que escrever com o gosto amargo da dúvida na garganta, queria sim é estar vibrando com os gols, dribles desconcertantes, com os títulos que Dago estaria nos ajudando a conquistar.

Vivendo e aprendendo. Ainda jovem ele, inteligente como é, vai aprender, ou já está aprendendo que com a paixão de um povo não se brinca. Talvez o argentino Tevez, mas quem mais conta com tamanha idolatria de sua torcida? No Brasil, ninguém. Dagoberto, precisamos de você, aprenda, aliás, reaprenda e amar este time que tanto te deu, e agora cobra.


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