Ricardo Campelo

Ricardo de Oliveira Campelo, 44 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma família inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.

 

 

Quanto vale a transmissão?

20/01/2006


O assunto do momento é a não transmissão do Campeonato Paranaense pela Rede Paranaense de Comunicação (e por nenhuma outra rede de TV) e a decisão dos clubes e da Federação em, por conseguinte, não permitir sequer a gravação dos gols e melhores momentos de dentro das cabines.

Creio que cada parte tem suas razões nesta história. Se a RPC não “comprou” os direitos de transmissão, é porque economicamente isso não lhe seria interessante. E convenhamos que a atratividade do campeonato paranaense com esta fórmula de disputa, em que a primeira fase não vale nada, é baixa - a não ser para os torcedores mais fanáticos (como eu e você, internauta). Assim, a TV teria pouco retorno de patrocinadores e, por isso, não compensaria desembolsar para ter os direitos de transmissão.

Os clubes estão certos em sua revolta. Principalmente porque, ao mesmo tempo em que a TV não compra o Campeonato Paranaense, transmite jogos do campeonato paulista, incentivando o público do estado a praticar este ato anti-regionalista que é torcer para os times de São Paulo. E olhe que em termos de fórmula de disputa, o Paulistão (disputado em pontos corridos) é ainda menos atrativo que o Paranaense.

Contudo, a decisão dos clubes de impedir filmagens das cabines tem um efeito muito mais como um protesto (totalmente válido) do que como uma medida que pudesse fazer as TVs mudarem de idéia. Bem ou mal, os veículos continuam realizando a cobertura dos jogos e exibindo imagens dos melhores lances do jogo. A RPC e a CNT, por exemplo, quando negociarem os intervalos comerciais do Globo Esporte e do Mesa Redonda, continuarão tendo como “chamariz” os gols do estadual. A audiência dos programas não vai cair vertiginosamente, o que os faria mudar de idéia.

É verdade que os clubes perderão em visibilidade, como bem apontou meu amigo Tavares na coluna de ontem, já que o Globo Esporte nacional, por exemplo, não exibirá os gols do estadual por este ângulo de trás do gol. Porém, devo lembrar de uma lição que nos ensinou o Presidente Mário Celso Petraglia, no começo de sua gestão. O dirigente negou-se a vender o espaço na camisa do Atlético por um valor que não correspondesse ao que ele entendia que o Clube valia. E, por muito tempo, ficamos sem patrocínio na camisa. Hoje, temos no manto rubro-negro não só um patrocínio de camisa, mas a marca da Kyocera, empresa mundial e que ainda nos remunera pelos naming rights do estádio. Enquanto isso, clubes que já se vendiam por pouco hoje se vendem por menos ainda para redes de farmácias, deixando seu uniforme digno de suburbana, e outros, na escassez de patrocinadores, vêem se obrigados a pintar de preto a camisa para esconder o patrocinador da temporada passada.

Sul-Minas

Este episódio reforça a tese de que o Paranaense é um campeonato ultrapassado para os clubes da capital. Há que se voltar a pensar em um primeiro semestre como o de 2002: Atlético disputando Sul-Minas e entrando para vencer o Paranaense só na fase final.

A dura vida do goleiro III – a saga

Continua sendo difícil ser goleiro no Atlético. Não falo nem da imprensa sempre de má-vontade com o Furacão, porém teve torcedor que viu Tiago Cardoso falhar nos três gols do Rio Branco em Paranaguá. Eu não vi falha em nenhum. Vi, sim, falha de Rodriguinho que ficou marcando o atacante de longe, sem oferecer risco ao adversário, e com isto apenas encobrindo a visão do nosso goleiro. E vi também falha “nefasta” do comentarista Ayrton Cordeiro, que mostrou conhecer pouco do assunto.

Aloísio

Aloísio, tadinho, quer muito ficar no São Paulo, seu clube de coração. Depois do Atlético o ter tirado do ostracismo na Rússia, ter mostrado paciência diante de suas sucessivas contusões, e ter o colocado no São Paulo para disputar o mundial, hoje o atacante pede que o time "facilite" sua permanência no time paulista. Tenho uma sugestão para o atleta: se a vontade é tão grande, abra mão de seu salário. Assim, o São Paulo poderá pagar ao Atlético aquilo que é contratualmente devido pela sua venda.


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