Juliano Ribas

Juliano Ribas de Oliveira, 51 anos, é publicitário e Sócio Furacão. Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2007 e depois entre março e junho de 2009.

 

 

Não vai ser fácil

16/01/2006


O Atlético vai se acostumando à vida de estrela. A cada ano que passa sua fama ultrapassa todas as fronteiras. Depois da grande temporada 2005 e deste início com notícias bombásticas, o Atlético está no centro dos holofotes, na boca do povo. O Atlético será o time que todos gostarão de vencer este ano. Vencer o Furacão vai dar cartaz.

No Campeonato Paranaense não é diferente. A eufórica torcida atleticana, no céu com a contratação de Lothar Matthaüs, levou uma ducha de água fria com a derrota em Paranaguá. Com um calor de quarenta graus, uma ducha de água fria não seria má idéia, mas não quando esta ducha são três gols do Leão da Estradinha. Boa para arrefecer a imensa euforia que prevalece no ambiente atleticano. No palavreado do futebol, foi uma "derrota na hora certa". Por mais que se diga que o time é sério e humilde, às vezes é difícil ficar alheio à empolgação da torcida com as perspectivas para 2006. Consciente que é muito superior aos times do Paranaense, o Atlético só encontrará dificuldades no ímpeto dos desafiantes que darão a vida para vencer e saberão tirar proveito de gramados toscos, estádios deteriorados e condições climáticas adversas. Não há time, os da capital inclusos, que sequer chegue perto em qualidade técnica.

Com a volta dos titulares, Dagoberto, Ferreira, Fabrício, Dênis Marques e Evandro, o Atlético terá tudo para fazer o que se espera dele, que é sobrar neste campeonato. Um certame que faz com que atletas de alto nível como os do elenco atleticano, recuperem o fôlego sob um sombreiro, árvore de grandes folhas típica do litoral, com certeza um lugar menos inóspito para se passar o intervalo que um vestiário do estádio Nelson Medrado Dias, no escaldante calor parnanguara. Mas fazer o quê, o campeonato é uma droga, mas para o Atlético não resta alternativa, não há desculpa, é vencer ou vencer. Segunda-feira, Paranaguá acordou em festa, após dormir em delírio. Aqueles que conseguirem vencer o Rubro-negro, celebrarão esta grande conquista. Cabe ao Atlético deixar as coisas num clima de normalidade, ou seja, os times deste campeonato lamentando a já prevista derrota. Será natural o Atlético vencer, mas não será fácil.

Marcão

O Atlético concretizou a transferência de Marcão, por um ano, para o futebol japonês. Um líder que deixará saudades por sua extrema vontade de vencer, sua determinação e garra. Conquistou a torcida apenas mostrando sua personalidade dentro de campo. Uma doação sem limites à camisa do Atlético. Jogadores assim estão em extinção no futebol brasileiro. Marcão é um exemplo de firmeza, humildade e seriedade, que contagia os outros com sua raça. Apesar de termos jogadores de alto nível para substituí-lo, até com mais técnica do que ele, um homem como Marcão sempre fará falta, em qualquer grupo. Valeu, Marcão, até breve.

Diego

Outro grande líder que perdemos este ano foi o goleiro Diego. Com grande ascendência sobre o grupo, articulado e determinado, marcou época no Atlético. Mas dividiu as opiniões da torcida. Extremamente vaidoso, realiza-se com a ovação da massa. Chegou falando demais, batendo no peito demais para os padrões da timidez polaca curitibana. Grande goleiro, fundamental na excelente campanha da Libertadores, nunca entendeu direito a torcida do Atlético. Nunca digeriu bem críticas, nunca conseguiu ter a altivez necessária para enfrentar os críticos mais ácidos. Cairá como uma luva no festivo e folclórico futebol carioca, o extrovertido povo do Rio vai adorar o seu jeito de ser, que para os curitibanos parecia teatro. Goleiro importante na nossa história, cheia de estupendos arqueiros, saiu bastante ressentido do Atlético. Na sua "newsletter" (jogador de hoje tem dessas coisas, depois não reclamem do apelido de "marqueteiro") de despedida, falou daquelas pessoas "cuja a inveja é o alimento da alma". Não precisava, Diego, sua história no Atlético foi mais bonita do que isso. É por essas que ele não teve a aprovação total da torcida. É difícil mesmo para alguns entender esses rompantes egocêntricos. O Marcão conseguiu aquilo que o Diego sempre desejou sem nada disso, só jogando bola. Mas vale aplaudir seu lado determinado e caridoso e também valorizar o grande goleiro que é. É pena não conseguir dominar a vaidade. Mas a torcida atleticana te agradece assim mesmo, goleirão.


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