Ricardo Campelo

Ricardo de Oliveira Campelo, 45 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma família inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.

 

 

Nós Já Sabíamos. Faz Tempo.

01/07/2002


"O Kleberson deve levar um chinelo para o banco, porque não vai entrar em campo mesmo, nesta Copa". O autor desta pérola, proferida no início da Copa do Mundo, é o jornalista José Trajano, da ESPN Brasil. Seu companheiro de programa, Milton Leite, disse, na sequência, que "quem treme contra a Malásia não pode ter lugar na Seleção Brasileira". "Esse moço não deveria nem ter ido para a Copa", disse Roberto Rivellino, comentando o mundial pela Sportv. Sérgio Noronha, da Globo, antes da partida contra a Inglaterra, criticou Scolari por ter escalado Kleberson como titular, jogador que, para ele, não teria condições de atuar pela Seleção Brasileira.

Sofremos cada vez que ouvimos comentários deste tipo. Sofremos com o bairrismo da imprensa do eixo, que queria porque queria enfiar o corintiano Ricardinho no time. Mas não era só porque estavam a falar de um jogador do Clube para o qual torcemos. Sofremos porque sabíamos que nada disso era verdade. Sabíamos do imenso potencial deste humilde jogador, formado no Clube Atlético Paranaense, que brilhou no título brasileiro do ano passado, e que ninguém sabe como não foi premiado com a Bola de Ouro (perdida para Alex Mineiro no último jogo, quando a Revista Placar, inexplicavelmente, deu uma nota muito baixa para o volante).

Hoje, depois da conquista do pentacampeonato, a crônica esportiva é uníssona em afirmar que, dentro desta Copa do Mundo, a Seleção só alcançou um equilíbrio após a entrada de Kleberson na equipe titular. Dizem que é um rapaz talentoso, que acertou o time, dando proteção à zaga e proporcionando uma saída de bola qualificada.

Enfim, hoje todos descobriram aquilo que nós, que acompanhamos o futebol paranaense, já sabíamos há muito tempo: não há, no Brasil, jogador melhor que Kleberson em sua posição. E, com o fiasco de Verón neste mundial, podemos afirmar, com boa dose de certeza, que não o há no mundo inteiro. Não é por coincidência que desde o jogo contra a Inglaterra, quando o volante ganhou a posição de titular, é que a Seleção realizou suas três melhores partidas da Copa. Nos três jogos que disputou como titular, Kleberson participou decisivamente de quatro gols do Brasil. Contra a inglaterra, roubou a bola que resultou no primeiro gol brasileiro, e sofreu a falta que originou o segundo. Ontem, passou a bola para Ronaldo, que a perdeu, recuperou, e tocou para Rivaldo dar início ao primeiro gol. Depois, deu um passe primoroso para que Ronaldo fizesse um dos dols mais bonitos da história das finais de Copa do Mundo. Contra a Bélgica, ainda, com poucos minutos de jogo, acertou um cruzamento na medida para o segundo gol de Ronaldo.

De toda a sua qualidade, nós já sabíamos. Só não sabemos se, em 2006, quando certamente será titular da Seleção Brasileira, Kléberson ainda será jogador do Clube Atlético Paranaense. Torcemos comtodas as forças para que sim. Kleberson é insubstituível.

Saudações rubro-negras e pentacampeãs.


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