Jones Rossi

Jones Rossi, 46 anos, é repórter do Jornal da Tarde, em São Paulo, e um dos fundadores do blog De Primeira. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2008.

 

 

Clube Atlético também do interior

13/01/2006


Com todo o respeito aos nascidos em Curitiba, uma das melhores coisas do Atlético é justamente o fato dele ser Paranaense. Por mais que essa tendência de se tornar o time do estado seja recente, é ótimo que o Atlético não seja vinculado exclusivamente à Curitiba, ao contrário do time da "colônia". Por isso mesmo a agressão ao time ocorrida em Maringá revolta um maringaense atleticano como eu. Quase peguei um avião de São Paulo só para ver o jogo em Maringá, mas não pude ir porque tinha de ver um filme na manhã de quinta aqui em São Paulo. Verei os outros jogos do Atlético em Curitiba, já que comprei o pacote. Minha irmã, que mora aí em Curitiba, que também nasceu em Maringá e também é atleticana, já estava em Maringá passando uns dias e aproveitou para ir ao jogo. Ou seja, somos dois interioranos que amam o Atlético, como outros que estavam no estádio Willie Davids e jamais aprovariam o ataque ao ônibus do Atlético. E concordo com o Sergio Surugi em quase tudo o que ele escreveu na coluna "Tudo evolui. Será?"

Mas o que ocorreu em Maringá não tem relação com ignorância interiorana ou coisa similar. A mesma coisa já aconteceu com outros times em São Januário, Rio de Janeiro, ex-capital da República e que até pouco tempo tinha um dos melhores índices educacionais do País. Aqui em São Paulo o time do Corinthians foi atacado pela própria torcida em 1997. Nada disso foi obra de interioranos. Foi obra de marginais de torcidas organizadas, gente que em grupo perde o medo e desanda a fazer bobagem. Como o próprio Sergio acertou em cheio: "já não se justifica este tipo de atitude trogloditóide, a não ser pelo fato incontestável de que bandido e débil mental existe em todo lugar, seja capital ou interior."

Quanto à punição ao Galo, vou além. Com ou sem perda de mando o campeonato paranaense já devia estar morto e sepultado mesmo. Os grandes clubes só perdem dinheiro e ainda arriscam ficar sem seus craques por alguma contusão em algum jogo contra um time pequeno como o Coritiba ou o Londrina, e os pequenos perpetuam sua condição. O ideal, todos sabem, é a Sul-Minas. Talvez até com duas divisões. Mas enterrem logo este estadual. Sei que muitos gostam pelo lado folclórico, pela nostalgia ou pelas velhas rivalidades. Tudo isso é muito bonito, mas não paga o salário do Lothar Matthäus. Estradinha, Rolândia, VGD, por favor, nunca mais.


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