Erick Raifur

Erick Raifur, 53 anos, é atleticano "de quatro costados". Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2006.

 

 

Vamo que vamo

11/01/2006


E 2006 começa como nunca um ano começou antes na história do Atlético. Peraí, será? Tá bom, tá bom. 2001 pra 2002 foi muito bom também. 99 pra 2000 também foi bem legal. Mas eu, pelo menos, nunca iniciei um ano com tantas expectativas boas em relação ao Atlético.

Motivos

Vamos lá. Pra começar, estamos com um baita time, minha gente. A zaga é alta e rápida. Os laterais são técnicos e exímios cobradores de faltas. A proteção da zaga é firme e no meio-campo vai ser uma "briga de foice"entre 4 meias de qualidade. No ataque, precisa mais que Dagoberto e Aloísio?

Banco

Outra coisa que me deixa com expectativas é o banco. Eu acho que teremos banco razoável para todas as posições. Do gol, com Tiago ou Cléber, até o ataque com Rodrigão ou Denis Marques.

Técnico x marketing

Estou muito contente com essa (99,9% certa) contratação do Matthäus. A maior tacada de marketing do futebol brasileiro nos últimos tempos. Já imaginou em pleno ano de Copa do Mundo na Alemanha, o segundo maior ídolo da Alemanha é treinador do Atlético? As portas da Europa e do mundo se escancaram de vez. Só não vai saber quem é o Atlético quem for muito desinformado do mundo do futebol.

Ótimo. Beleza. Ponto e Parágrafo

Mas, vou falar bem sério agora. Mas acho que devemos reduzir um pouco as nossas expectativas em torno do efeito prático do LM como técnico, logo de imediato. Não vamos esperar (ao menos de cara) que ele seja um estrategista como um Luxemburgo da vida, ou um "montador" de times como um Geninho ou um Leão. Não, não é! (ainda...)

Tempo ao tempo

Ele vai demorar um tempo para criar um padrão de jogo no Atlético. Matthäus já falou que pretende implantar um padrão "misto", envolvendo a disciplina e a tática da escola alemã, com a técnica e a "malandragem" do futebol brasileiro. Idéia espetacular, mas que não dá certo da noite para o dia. Como temos bons jogadores, isso pode ser facilitado. Mas, se não der certo logo nos primeiros jogos, que ninguém desanque o alemão precipitadamente.

Cornetas

Falo isso porque conheço o meu eleitorado. Tem uma turminha, um pouco mais concentrada na Getúlio Vargas (sei disso porque tenho cadeira lá) que adora dar uma boa corneteada. No caso do Matthäus já tem gente estudando palavras de baixo calão em alemão, para estarem prevenidos na hora que precisar, hehehe.

Mas, sério mesmo, rapaziada. Vamos deixar o alemão sossegado. No começo vai ter também a barreira da língua. Por mais que o tradutor se esforce, sempre é mais difícil quando não se fala diretamente com os jogadores. Mas são coisinhas que vão se ajeitando com o tempo.

Enquanto isso....

Pois é. Nós aqui falando de timaço, de campeão mundial no Atlético, de marketing de altíssimo nível, enquanto manadas de pangarés chegam a um outro timeco aí da cidade. É a vida.

"A arte da dissimulação"

Qualquer coxa poderia escrever um livro com esse título, com primor, sabedoria, conhecimento de causa. Não sei se você tem conversado com coxas ultimamente: percebem-se vários discursos, cada um para uma ocasião, um mais astuto que o outro. Ser coxa hoje é conhecer a vida de um camaleão. Um coxa, entre outros coxas, lembra os feitos heróicos, o título brasileiro, a Fita Azul, acha certo que o Lothar Matthäus não vai dar certo, e repete, revanchista, mostrando os dentes: "Quero ver a cara deles". O mesmo coxa, entre atleticanos, é um sujeito que sempre odiou futebol, esta coisa alienante, que lembra vagamente de um dia ter torcido por um time do Alto da Glória, coisa forçada pelo pai, e que não está entendendo o motivo de tanta gozação quanto à queda para a Segundona, hahaha!


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