Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

Essa coisa de sentimento

02/01/2006


Olá atleticano do novo ano, do grande Atlético, do imenso clube. Que tudo se realize no ano que já nasceu.

Preces, esperança e otimismo. Tenho impressão que estes foram os ingredientes mais presentes nos corações de cada atleticano que deixou 2005 para trás, na certeza de ter sido um grande ano. A cada pulsar, a cada explosão de fogos, a cada brilho nos céus, eu percebi, dentre tantas solicitações ao nosso Deus e tantos pedidos ao nosso anjo da guarda, quantos destes pedidos tinham o nome de Clube Atlético Paranaense.

Eu pude até ser transportado ao dia 24 de junho de 1999, logo após observar a beleza de uma chuva de pratas caindo dos céus. Lembrei daquele dia, aquele inesquecível dia, sobre o qual derramamos todas as nossas emocionadas e sinceras lágrimas durante a inauguração do nosso novo Caldeirão. A cada sonho, a cada piscar de olhos, pude também ver as redes da Baixada balançando, pude ver a torcida se agigantar e em pé, cantar como nunca cantou o hino do Furacão.

Sentimentos, quem já parou para perceber a grandeza dos nossos em relação ao Atlético, é capaz que chegue a se assustar. Vivemos o Atlético, respiramos o Atlético, almejamos sempre o melhor ao nosso Atlético. Entra ano, sai ano, novas gerações chegam, outros partem, mas os nossos desejos e os nossos sentimentos estão sempre ali, imunes a todo e qualquer momento. Ninguém tem amor maior do que o amor que está dentro do coração do atleticano.

Que coisa esse tal de sentimento! Às vezes, muitas vezes nem percebemos, o tal nos invade e nos faz acreditar que o amor existe, sim! Mesmo quando fraquejamos, quando por muitas vezes quase desistimos, lá está o peito apertado, querendo e insistindo que as nossas vidas estejam sempre voltadas ao amor e à paixão que temos pelo Atlético.

Ah, Atlético! Atlético que algumas vezes maltrata esse coração que já cansou muito de sofrer, mas que jamais, em momento algum deixou de ser vermelho e preto. Coração que acreditou sempre, e que por mais cansado que ficasse, ficava só por alguns momentos. Há muito tempo carrego o Atlético no coração, mas até hoje nunca consegui entender direito esse negócio de sentimento.

Pensei muito para escolher uma imagem do ano passado e registrar na minha primeira coluna de 2006. Lembrei de vários, do gol de Denis Marques na decisão do campeonato paranaense, do gol da virada contra o Santos na Arena, do pênalti defendido por Diego em Assunção, dos gols da belíssima vitória contra o Chivas, também na Arena, e foi contra o mesmo Chivas, só que lá em Guadalajara, que fui buscar o meu gol do ano.

Entre tantos momentos mágicos e marcantes do ano passado, fica marcado o segundo gol de Lima, quando saiu correndo do meio de campo em direção ao gol aos 35 minutos do segundo tempo. Se ainda existia alguma dúvida sobre sonhos, essa dúvida ali foi sepultada. Parece que ali, naquele instante, uma multidão de atleticanos correu com ele. Lima, caprichosamente, guardou a sua história no Atlético e escreveu o dia 30 de junho de 2005 como um dos dias mais importantes da história Rubro-negra. Estávamos na final da Libertadores, e nenhum atleticano do mundo inteiro experimentou uma sensação mais gostosa do que essa. Foi sensacional.

Fica, portanto, este lance como o símbolo de um novo ano, e que todas as aspirações do Atlético sejam assim, correndo, lutando, querendo, driblando e fazendo balançar as redes de um novo ano. A partir dali, aprendemos mais ainda que os nossos sentimentos são mesmo inexplicáveis.


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