Ricardo Campelo

Ricardo de Oliveira Campelo, 45 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma família inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.

 

 

Pacote de equívocos

15/12/2005


Faz tempo que eu não escrevo para tecer críticas ao Atlético - ainda bem. Voltarei a fazê-lo agora, não com ares de abutre do catastrofismo, mas apenas para registrar aquilo que acho que está errado e deve ser repensado pela direção do Clube para os próximos anos.

Chega a ser curioso como o Atlético pode ser tão organizado em alguns aspectos, e tão bagunçado em outros. A venda dos pacotes, iniciada nesta semana, está sendo marcada por uma série de equívocos, que passo a apontar com a melhor das intenções:

1) A diretoria anunciou que os torcedores que já possuíam os pacotes em 2005 teriam prioridade na renovação para 2006 e receberiam uma mala direta elencando as vantagens a que teria direito. Já se passaram dias e até hoje eu e outros "pacoteiros" não recebemos nenhum comunicado.

2) Se os pacoteiros de 2005 têm prioridade no que diz com a cadeira escolhida, o lógico seria que, antes das vendas serem abertas para toda a torcida, houvesse um período disponível apenas para as renovações. Depois disso, os demais torcedores já saberiam com certeza quais lugares poderiam escolher e quais não, evidando incertezas desnecessárias.

3) Os preços dos pacotes foram divulgados antes do anúncio do preço do ingresso avulso, um verdadeiro contra-senso, já que o torcedor não sabe qual vantagem terá efetivamente na compra antecipada.

4) Em decorrência da não divulgação do preço do ingresso avulso para 2006, começaram a aparecer informações desencontradas. Sem um anúncio oficial do Clube, os funcionários passaram informações distintas para torcedores. Somente depois que a Furacao.com publicou uma notícia repassando estas informações, é que a assessoria de imprensa entrou em contato para dar uma posição oficial.

5) O Clube não disponibiliza “meio-pacote” para estudantes, o que, de pronto, exclui uma enorme parcela da torcida que estava morrendo de vontade de deixar seu dinheirinho para o Atlético. Não vejo lógica nisso. Se o torcedor normal que pretende ir a todos os jogos pode ter desconto comprando antecipadamente, por quê o estudante tem que comprar jogo a jogo? No mínimo, no mínimo, uma quota de pacotes deveria ter sido reservada para a meia-entrada.

6) Em 2004, a promoção que dava 50% de desconto no pacote adquirido por parentes ou por pessoas que trabalhassem na mesma empresa teve boa repercussão, e sei de atleticanos que só adquiriram um pacote extra em razão disto. Inexplicavelmente, a promoção foi excluída para 2006, permanecendo em seu lugar apenas a possibilidade de desconto para compra de pacotes por cônjuges ou por pai e filho (criança).

7) Quanto à promoção para cônjuges, mais informações desencontradas. Um torcedor obteve a informação de um funcionário do Clube de que não haveria diferenciação no ingresso da mulher; ou seja, caso esta não pudesse comparecer em determinado jogo, poderia repassar seu ingresso a outro torcedor, independente do sexo. Outro torcedor conhecido meu, através do 0800 que o Clube disponibilizou, recebeu a informação de que o ingresso seria marcado como feminino.

8) Ontem resolvi fazer um exercício para descobrir quantos jogos o Atlético poderia fazer em casa em 2006. Me bati, acabei errando contas, tive que corrigir a notícia e tudo mais. Quem sabe não teria sido interessante se o Clube o tivesse feito com calma e antecedência para esclarecer os interessados em adquirir seu produto?

9) Ainda acho que a vantagem financeira que o pacote oferece poderia ser maior. O torcedor deveria ter um bom desconto mesmo no cenário mais pessimista (com 28 jogos, o pacote mais barato custaria o equivalente a 22,30 por jogo, pouco menos que os R$ 25,00 do ingresso avulso). Se a diretoria quer fidelizar o torcedor, primeiro deve oferecer-lhe vantagens mais sólidas, principalmente diante de um ingresso tão caro.

10) Também acho caro o ingresso avulso. Vinte e cinco reais para ver um jogo atrás do gol é absurdo, mesmo no estádio mais moderno do Brasil (que continua sendo um estádio, não um teatro). Não vou voltar mais uma vez a este tema já bastante batido. Talvez eu deva me acostumar com a intenção da diretoria de que o torcedor vá menos ao estádio, desde que dê mais dinheiro ao Clube. Mas fica o registro: acho este ingresso caro demais, e acho que a diretoria vai acabar conseguindo afastar o torcedor do estádio.

É o que tenho a dizer. Acho que o Clube tem que repensar e corrigir estes equívocos. Primeiro pela organização que sempre demonstrou em outros setores, e que deve orientar também esta questão tão importante que é a venda dos ingressos. Segundo que, se o Clube cobra tanto a colaboração financeira do torcedor, ao menos deve oferecer-lhe uma situação mais organizada e, por quê não, vantajosa.


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