Ricardo Campelo

Ricardo de Oliveira Campelo, 44 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma família inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.

 

 

Atleticanismo e a rivalidade

01/12/2005


Eles estão lá, à beira do precipício. O rebaixamento bate à porta do Coritiba. Só um milagre salva os coxas deste castigo que vai culminar em anos e anos de amargura para o Clube e sua torcida. E nós, atleticanos, damos risada. Mas, afinal, por quê esse sadismo? Quem não acompanha futebol, ou o faz com pouco fanatismo, tem dificuldade para entender o porquê da rivalidade chegar a este ponto: um torcer sempre pelo fracasso do outro, e dane-se o “bem do futebol paranaense” e as demais expressões hipócritas. Vou tentar explicar a razão disso, sob o meu ponto de vista.

A filosofia nos ensina que “o ser é enquanto não é”. Traduzindo e exemplificando: um lápis só é um lápis por não ser uma caneta, um estojo ou qualquer outro objeto que o diferencie dos demais. A existência de outros objetos é essencial para a definição daquele objeto como lápis. Exemplo melhor: o azul só é azul porque não é amarelo, vermelho, etc. É dizer: não houvesse o amarelo e o vermelho para se contrapor, o próprio conceito de azul não existiria, já que não haveria diferenciação, não haveria cores. Enfim: o azul só é azul porque existem o amarelo, o vermelho, e outras cores para torná-lo diferente.

Guardadas as devidíssimas proporções, vejo este mesmo quadro na rivalidade futebolística. É claro que, mesmo não existindo o Coritiba, haveria o Atlético – a existência de um não está condicionada à existência do outro como nos exemplos acima. Mas, dada a realidade de existirem dois clubes tradicionais no estado, brigando (ao menos na teoria) pelos mesmos objetivos, isso implica que, por este ângulo, ser atleticano torna-se não ser coxa-branca, e vice-versa. A existência do Coritiba e seus torcedores intensifica a identificação do atleticano com o seu Clube.

Daí para a rivalidade, é um passo. Se eu sou atleticano enquanto não sou coxa, e o time deles tem o mesmo objetivo que o meu, cria-se a tensão de um torcer contra o outro.

No caso do rebaixamento deles, há um agravante. Sofremos na pele os efeitos desta rivalidade nestes último anos, vendo os coxas, mesmo maltrapilhos, vibrando com a nossa perda dos títulos Brasileiro e da Libertadores. O castigo veio a cavalo, ou melhor, a pangaré, e agora eles estão não disputando um título mas quase caindo para a Segunda Divisão. Olhamos de cima, posicionados na parte de cima da tabela do campeonato, e consagrados como um dos times mais competitivos do Brasil.

Os coxas sabem do que os aguarda. Bancam um discurso de humildade, de conformismo, tentando serem poupados pelos atleticanos. Mas nós não temos memória fraca, não. Os foguetórios estão vivos na memória. E, caso não aconteça o milagre que eles estão esperando, vai ter volta.

Orkut

Em homenagem aos vários torcedores do rival que prestigiam diariamente a Furacao.com, hoje vou indicar uma comunidade orkutiana em sua homenagem: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=126239


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