Fernanda Romagnoli

Fernanda Romagnoli, 51 anos, é atleticana de coração, casada com um atleticano e mãe de dois atleticanos. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2009.

 

 

Aventura, emoção e vento nos cabelos

30/11/2005


Estamos no último dia de novembro, e lá se vai mais um campeonato nacional. Estamos nos minutos finais do jogo, e não estou falando daquele da bola rolando no campo. Infelizmente.

Muita gente pensava e até declarou que não haveria mais emoções. Ledo engano. Para nós, os paranaenses, as emoções são as mais diversas. Quem será o melhor do Estado? Será que eles vão cair? E o mais recente: O Atlético pode ir para a série B!!! Haja coração.

Estávamos em outra batida, embalados por algumas possibilidades e agora só fico pensando em quanta falta de criatividade, bom senso ou seja lá o que faça alguns torcerem para que o Atlético Paranaense caia por causa da novela “Denis das Arábias”. Eu acredito que isso não vai acontecer, mas tem gente que não, acreditam em tudo. Já acreditaram até em Marcianos, devem acreditar em Papai Noel, governo incorruptível e outras lendas.

Não, eu não tenho informações privilegiadas. Apenas acredito piamente na administração do Clube Atlético Paranaense. Ninguém seria tão amador de não se precaver contra essa situação e eu tenho cá comigo que o amadorismo já deixou o Atlético há tempos. Tive um friozinho na barriga, eu confesso. Daqueles que a gente sente em grandes aventuras. Afinal, fomos pegos de surpresa de novo. Mas agora já estou mais ou menos relaxada. Sabe por quê?

Porque não é possível alguém punir o CAP pelo que se alardeia hoje, nem jurídica, nem moralmente. Em um ano em que um juiz da FIFA foi pego com a boca na botija; anularam-se jogos; errou-se muito na arbitragem; alguns times foram bem prejudicados por isso tudo e distante do que é certo ou errado, tenho dúvidas se foi feita a verdadeira justiça. Agora, o Atlético é réu por tentar negociar uma dívida que não é negada por ninguém?

Não meus caros, não é réu. Não falo só juridicamente. Quando se contrai uma dívida existe sempre a possibilidade de renegociá-la ou fazer uma composição, mas esta parte eu deixo para os competentes advogados que dizem não haver problemas neste campo. Já na questão moral, ficamos sempre na montanha russa por causa da inveja que o Atlético causa. Será que ninguém quer mais ganhar dentro das quatro linhas? E dá-lhe aventura!!!

No fim prefiro ver os pontos positivos dessa história. Se eu fosse um jogador, gostaria de ter sido acolhido como o Denis foi pelo Atlético. O time não virou as costas ao jogador que o ajudou tanto em 2004. Infelizmente ainda não tivemos retorno do investimento feito, pois até agora foi mais dor de cabeça do que alegrias, mas esse é o risco do negócio e eu ainda acredito em apenas uma má fase. E dá-lhe vento nos cabelos.

Acontece também que estamos naquele momento em que “faltou salário e sobrou mês”. Isto é, não há muito sobre o que se falar e ainda estamos na última semana. Agora vemos programas esportivos, cujas pautas eram ocupadas em 90% pelo puro futebol, quando o campeonato ainda era empolgante. Podemos até ver a mesma proporção, mas será sobre assuntos esdrúxulos como esse. Ele ainda vai render alguns minutos na TV e algumas linhas nos impressos. Depois, virá a revolta do Inter em caso de confirmação do quase certo campeonato pelo Corinthians, choradeira com orgulho dos já rebaixados, choradeira de impacto daquele que confirmar a quarta vaga da segundona, quem vai mudar, quem vai ficar.... ai, ai, muitas emoções ainda virão.


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