|
|
Juliano Ribas
Juliano Ribas de Oliveira, 51 anos, é publicitário e Sócio Furacão. Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2007 e depois entre março e junho de 2009.
|
|
Tranqüilidade e continuidade
28/11/2005
|
|
|
O coração atleticano bem que precisava de um descanso. A gente gosta daquele frenesi, ultimamente corriqueiro, das grandes decisões, mas gozar desta tranqüilidade está sendo ótimo. Bom para relaxar, pensar no futuro, planejar as férias, nas festas de fim de ano, espairecer. Pode se dizer que é o repouso dos guerreiros. O Atlético e os atleticanos estão tranqüilos.
A tranqüilidade é tanta que nem se fala em um assunto que já foi motivo de abaixo-assinado, protestos, convocações, conspirações e desejos de ruptura: a continuidade da atual diretoria e do comandante-mor, Mário Celso Petraglia. Ninguém ainda manifestou interesse em assumir este papel de comandante ou de formar outro grupo para tocar os destinos do Furacão. Há alguns meses, parecia que não ia faltar gente. Hoje, espera-se apenas que Petraglia sente na cadeira de presidente do conselho gestor e pilote o Atlético por mais dois anos. O já chamado de imperador tem muito que fazer e ninguém acha que tudo o que se vislumbra no horizonte atleticano possa ser realizado sem a sua presença.
As prioridades estruturais são a finalização do CT do Caju, e o inÃcio de finalização da Kyocera Arena. No que se refere a time, é a manutenção da base para 2006, com um planejamento realizado tranqüilamente, sem precisar ficar ligado no campeonato como no final de 2004, quando ficamos com a cabeça no Brasileirão até 20 de dezembro. Já com objetivos traçados, como a conquista da Copa do Brasil para o primeiro semestre, o Rubro-Negro tem tudo para fazer bonito. Alguns dos "erros" deste ano mostraram ser grandes acertos, como Lima, Jancarlos, Danilo, AloÃsio, FabrÃcio e alguns jogadores que compuseram o elenco, mas foram úteis em alguns momentos.
O tempo é inimigo da ansiedade e foi o tempo que fez a massa atleticana perceber que não havia objetivos escusos, ganância pura e simples por dólares e euros de negociações e desprezo pela torcida, o maior patrimônio de um clube. Tentativas e apostas foram feitas, algumas não deram certo, pois o terreno do futebol é subjetivo e oscilatório, outras precisaram de tempo para se confirmar como acertos. No terreno estrutural, que é objetivo e não lida com probabilidades e sorte, tudo foi muito bem, o maravilhoso e ampliado CT do Caju e a pioneira parceria com a Kyocera Mita não deixam dúvidas.
O Atlético, com Petraglia, inaugurou um novo conceito em futebol no Brasil, em que a parte estrutural corrobora sobremaneira para o avanço do clube como um todo. E é muito difÃcil fazer com que este tipo de conceito seja facilmente absorvido, principalmente em um paÃs como o Brasil, de mentalidade imediatista e paternalista. Tivemos que fazer sacrifÃcios, como em 2003, em que abrimos um pouco mão das conquistas para ajeitar as contas. Em 2004, inauguramos um novo padrão de cobrança de ingresso, compatÃvel com a qualidade da Arena, que ganhou cadeiras e ficou ainda mais bonita. A compreensão não foi imediata, cadeiras foram destruÃdas pela própria torcida atleticana no inÃcio, numa insana auto-punhalada.
Hoje, terminamos o ano de 2005 como campeões do estado, vice-campeões da América e uma colocação de apenas um dÃgito no Nacional, que inclui a conquista de uma vaga para mais um torneio internacional. Céu de brigadeiro à frente, vento a favor, estabilidade total. Pergunto: onde estão os revolucionários? Que "revolução" pretendiam? Onde estão aqueles que falavam, sem dar as caras claramente, que o "Império" deveria acabar? O núcleo das pessoas que desejavam o afastamento daquele que promoveu uma verdadeira revolução - sem precedentes em qualquer clube do mundo - numa instituição quase falida que era o Atlético de 1995 talvez ainda exista. É natural a divergência de idéias. Mas aqueles que foram no embalo de uma situação desfavorável e engrossavam o coro dos que desejavam a deposição de Mario Celso Petraglia viram que o clube teria mais a perder do que a ganhar com isso.
Pelo bem do clube, a eleição dos novos conselhos de administração do Clube Atlético Paranaense transcorrerá sem maiores sobressaltos. Uma chapa apenas deverá disputar as posições. Isso mostra que quando a coisa está boa, não há alarde e embates ideológicos. Muitas pessoas começaram a achar que futebol, polÃtica e ideologia se misturavam, hoje vemos que futebol é futebol, um assunto importante, que amamos, mas menor do que o destino de cidades, estados e nações. Em muitos clubes europeus, geralmente os mais ricos e bem sucedidos, como o Real Madrid, presidentes ficam anos e anos no clube, se tudo estiver dando certo. No Atlético, temos grandes atleticanos cuidando dos destinos do clube, e que, ao contrário do que pensavam alguns, têm no amor ao clube a motivação principal. Assim como, por amor ao clube, algumas pessoas se insurgiram contra estas pessoas de bem que dirigem o clube. Mas aqueles que tinham outros objetivos, agora estão sozinhos.
Um grande e bonito futuro se descortina diante dos nossos olhos e devemos parte disso aos atuais dirigentes que fazem um bom trabalho à frente do Atlético. A outra parte deve-se aos muito mais de um milhão de atleticanos que sempre acreditam e são a alma desta instituição eterna. Estamos bem, de corpo e alma.
|
Este artigo reflete as opiniões do autor, e não dos integrantes do site Furacao.com. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.