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Juarez Villela Filho
Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.
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Não adianta chorar
22/11/2005
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Quantas vezes não vimos esta mesma história, em filmes, em livros, de maneiras diferentes mas com o mesmo ensinamento. O filho comportado, o que obedece os pais, não está nada mais fazendo do que cumprindo suas obrigações. Já o filho problema, o que precisa de ajuda até mesmo do além para conseguir os objetivos, ganha um bônus, um plus para alcançá-lo. A promessa de uma bicicleta nova, da viagem inesquecível com os amigos, o vídeo game que é sensação.
E como se sente aquele que cumpre as ordens, que é estudioso, que respeita os pais e os mais velhos? Que vantagem levou? Por que ser correto, se formos pelo caminho mais fácil, mais preguiçoso a coisa acaba dando certo?
Penso assim em dois aspectos. Primeiro os caminhos tortuosos e extra-campo que estão dando o título ao time alvinegro da capital paulista. Não que precisasse, o time é forte, tem comando e um craque chamado Tevez. Mas é inegável que foi o time mais beneficiado com erros (alguns grosseiros) de arbitragem e principalmente com a questão da remarcação dos jogos feita de maneira grotesca a unilateral do STJD (Sveiter Trate de Julgar Direito!).
O Internacional quase caiu há dois anos, reestruturou-se, voltou a investir nas categorias de base, fez e ainda faz reformas em seu estádio e luta contra os poderes ocultos dos times do eixo. Não tem grandes estrelas, não possui a visibilidade que um Corinthians tem, e luta até o fim contra os benefícios dados a outrem que lhe tiraram a liderança do campeonato. Aos gaúchos, que foram em sua imensa maioria solidários a nós atleticanos nas finais da Libertadores, meus respeitos e o questionamento: vale a pena ser direito, buscar ser correto se na hora H as coisas não são resolvidas 100% dentro de campo?
Outro caso é delicado, batido e nem vou me alongar muito. Temos goleiros de nível. Atenção à grafia, não temos goleiro, temos goleiroS de nível. Muitos times sequer possuem um camisa 1 de confiança, nós temos no mínimo três: Diego, Tiago, Cléber, brilhando no Santa Cruz e ainda o garoto Vinicius, que jogou pouco, mas provou seu valor.
E a torcida gasta tempo e intermináveis e-mails, cartas para jornais, mensagens em fóruns debatendo sobre quem deve ficar, quem é isso, quem é aquilo. Acima de tudo está o Atlético e estamos mantendo uma escola de grandes arqueiros que já teve Laio, Picasso, Altevir, Roberto Costa, Rafael, Marolla, Ricardo Pinto e o campeoníssimo Flávio.
Agora estamos a pique de perdermos um cara que simplesmente fala o que pensa, sabe pensar, beija o escudo, sempre demonstrou orgulho em vestir a camisa rubro-negra. Confesso não entender alguns que diziam ser Kléber, o “Incendiário”, maluco por ter dado mais valor a uma correntinha de ouro do que uma bola num Atletiba. Que acharam sacanagem o corpo mole do garoto Kleberson após a conquista do penta. Outros que queriam que Jadson se entregasse mais em campo e que ficaram revoltados com sua saída um tanto prematura. E criticam Diego porque ele gosta do time onde joga!
São os mesmos que chamam boa vizinhança de politicagem, que acham que educação e fidalguia são peças de marketing e que, se acham que Diego falhou na final da Libertadores, esquecem-se que só chegamos lá porque ele nos salvou em muitos jogos.
O massacre que Diego vem sofrendo, ninguém merece. Nem o jogador mais apagado do elenco, muito menos um atleta que criou empatia com a torcida, é um líder dentro e fora de campo, já foi inclusive capitão do time, merece. Nosso guapo paga o preço de querer ser ele mesmo, sem querer parecer só mais um personagem no futebol, com respostas prontas e óbvias. Pensar custa caro. Depois que for, não adianta chorar!
ARREMATE
O cedo nunca é tão cedo que não possa logo se tornar tarde.
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