Juliano Ribas

Juliano Ribas de Oliveira, 51 anos, é publicitário e Sócio Furacão. Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2007 e depois entre março e junho de 2009.

 

 

Onde está o dinheiro?

21/11/2005


A temporada vai acabando e vai ficando mais claro para alguns atleticanos para onde vai o dinheiro que o clube arrecada com negociações de jogadores e com a majoração de ingresso iniciada ano passado. Esta clareza está no patamar de solidez que o Atlético alcançou, dentro e fora de campo. Solidez que vem dos investimentos na instituição Atlético Paranaense como um todo.

O Atlético está na contramão do futebol brasileiro. Enquanto alguns times associam-se a grupos que injetam dinheiro grosso de fontes suspeitíssimas, para não dizer ilegais, para fazer um time competitivo e vencedor por algumas temporadas, como o líder do atual campeonato, o Atlético vai num passo mais cadenciado e inteligente, para tornar-se forte por muito e muito tempo. E isso é graças à competência na hora de se investir o dinheiro, duramente arrecadado. O que mais faz brilhar os olhos dos atleticanos que entendem esta filosofia de trabalho, ultimamente, é o CT do Caju. Quem visitou, viu fotos ou leu a reportagem aqui do site Furacao.com, deve ter sentido um orgulho danado de ser rubro-negro. O quartel-general do Furacão está esplêndido, moderno e grandioso.

Está lá o seu suado dinheiro colocado nos pacotes "season", o do ingresso que você comprou nas bilheterias e a verba arrecadada com negociações, nem sempre bem digeridas pela maioria da torcida. Hotéis que acomodam nossos atletas em todas as categorias, hotéis para delegações do exterior, que rendem um bom dinheiro ao clube, novos campos de futebol e moderníssimos centros de fisiologia. Academias de ginástica com os mais modernos aparelhos. Logo, piscina olímpica aquecida coberta e campo de futebol coberto. Ninguém tem isso no Brasil. E quem diria, há apenas uma década não tínhamos onde treinar. Era no Flamenguinho, era na Vidraçaria Cometa, e em tempos um pouco mais distantes, no Pavoc. Os atleticanos com mais rodagem, tenho certeza, se emocionam com as conquistas atleticanas nessa seara.

O dinheiro também está na manutenção da nossa Kyocera Arena, onde até as prosaicas catracas são as mais modernas do Brasil. Um colosso de pastilhas vermelhas e vidro fumê negro, com o emblema atleticano portentosamente localizado ao centro. Dentro, um centro de administração de fazer inveja às mais modernas empresa do país, com um design funcional e com tecnologia de ponta para agilizar o dia-a-dia do clube. Na parte destinada à torcida, um conforto que sai caro, de manutenção trabalhosa e onerosa, mas que nenhum atleticano consegue mais abrir mão hoje em dia. É só sair para ver qualquer jogo fora da Arena para sentir o abismo que separa o Atlético dos outros e sentir uma saudade da nossa casa. Uma estrutura que tem feito jogadores escolherem o Atlético para jogar, preterindo outras equipes, e, quando chegam aqui, fazem de tudo para vencer, mais do que em outros lugares, pois sabem que o Atlético dá futuro.

O jogador Lima é um exemplo. Não conseguiu destaque em outras equipes, mas no Atlético encontrou uma estrutura espetacular, salários rigorosamente em dia e uma torcida vibrante e exigente, que o fez dar o máximo para vencer e alcançar seus objetivos. Aí é que entra a importância do investimento em estrutura. Qualquer jogador quer vencer em um clube como o Atlético. O Atlético oferece as melhores condições de trabalho e também consegue fazer grandes negócios para que os jogadores sigam suas carreiras, atingindo bons objetivos financeiros para ambos os lados. O Lima saiu valendo muito, mas muito mais do que entrou. Assim com outros atletas que passaram pelo Rubro-negro. Para um atleta, vencer no Atlético é um grande negócio.

O Atlético é sólido e isso fez que, com certa tranqüilidade, se recuperasse no Campeonato Brasileiro após o término da Libertadores, onde foi vice-campeão. Chegou à Copa Sul-Americana com facilidade, "ao natural". Jogadores saíram, jogadores entraram e o Atlético ficou firme. Tem tudo para terminar o certame como o melhor time paranaense. Uma grande temporada em 2006 se anuncia. Com Campeonato Paranaense, Copa do Brasil, Brasileirão e Copa Sul-Americana em disputa, a venda de "season-tickets", o popular pacote, tem que ser recorde. Os atleticanos que puderem vão fazer a sua parte e promover a maior venda de pacotes da história, pois sabem que o Atlético dá retorno com grandes emoções, conquistas e orgulho. Esta verdade em eterna construção que é o Atlético merece os tijolos que colocamos. Um dia, em 1997, pegamos uma porção de pedregulhos nas mãos, da demolição da nossa pequena Baixada. Hoje, recebemos em troca a grandiosidade da Arena e do CT do Caju, além de um Atlético competitivo e sem riscos de descenso. A fé que nos fez guardar aquelas pedrinhas é a base para a solidez deste clube que tanto amamos.

Se você for um dos 64% que respondeu na pesquisa da RPC que desejava a derrota do Atlético para o São Caetano para prejudicar o Coritiba, talvez não entenda a importância das conquistas do Atlético no campo estrutural. Talvez não entenda o quanto estamos à frente e como o futuro dos outros times independe do nosso. Todos sabemos que os verdes cairão e nos alegraremos muito por isso e o foguetório é válido. Mas nunca torcer para a derrota do nosso próprio time soou tão incongruente. O Atlético tem se preparado para conquistas e está talhado para as vitórias. A vocação atleticana é esta e não devemos mudar o caminho por frivolidades.


Este artigo reflete as opiniões do autor, e não dos integrantes do site Furacao.com. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.