Jones Rossi

Jones Rossi, 46 anos, é repórter do Jornal da Tarde, em São Paulo, e um dos fundadores do blog De Primeira. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2008.

 

 

Não mexam com o Atlético

17/11/2005


Uma vez, pouco depois de Giovani Gionédis assumir a presidência do Coritiba, perguntei a um dirigente de um grande clube de Curitiba o que achava dele. "Olha, ele é um ótimo advogado. Se eu tivesse uma grande causa para disputar na justiça, com certeza eu o contrataria. Mas como administrador não dá", confidenciou. Na época achei que era um julgamento precipitado, e que pior do que o Coritiba já estava dificilmente ficaria. Pois ele estava certo e eu errado. Sempre dá para piorar.

Gionédis será lembrado pela pequena torcida coxa como o dirigente que saneou parte das dívidas do time e ao mesmo tempo o enfiou no buraco negro da segunda divisão. Por culpa própria, é claro. O Coritiba, sob Gionédis, se apequenou. Viveu sempre à sombra do Atlético. Os títulos deixaram de ser importantes, o que passou a interessar era ficar na frente do Atlético no Campeonato Brasileiro ou ganhar o estadual para demonstrar que não estavam mortos. Começaram a viver de ilusão, como a classificação à Libertadores em 2003. Confundiram planejamento com inércia, achando que manter um técnico por mais de um ano os igualava aos clubes europeus.

Tudo o que fizeram sob a administração GG foi a reboque do que era feito no Atlético. "Modernizaram" o estádio colocando cadeiras, emulando uma praça de alimentação, arrumando o gramado (aliás, tenho a teoria de que a derrocada do Coxa deve-se ao gramado. Ao melhorá-lo, quem levou vantagem foram os adversários, que entendem mais de bola que o time do Coxa). Construíram um CT. Mas é tão meia-boca que até o Adap de Campo Mourão tem um melhor. E ficaram contentes em apenas copiar. Acharam que eram grandes porque o Atlético é grande.

Talvez Gionédis seja mais esperto do que aparenta, embora de onde você menos espera é dali que não sai nada mesmo. Ao perceber que o Coxa havia ficado pequeno perto do Atlético, decidiu intensificar a rivalidade para aparentar equilíbrio entre os dois clubes. Mas futebol não se faz com bravatas e em campo se refletiu o verdadeiro tamanho do Coritiba. Em vez de arrumar soluções, Gionédis decidiu agora empurrar a responsabilidade da iminente queda para o Atlético. Não passam de palavras finais de um roto comandante de um barco à deriva, a última chance do time alviverde ser manchete em jornal. Aproveite bem este momento. A partir de amanhã vocês serão história.


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