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Ricardo Campelo
Ricardo de Oliveira Campelo, 45 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma famÃlia inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.
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Clássico da vergonha
20/05/2002
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Peço vênia ao colega Sérgio Tavares para apresentar alguns pontos discordantes em relação à sua visão do clássico de ontem, o "clássico da vergonha". Concordo que o nÃvel técnico do clássico foi horroroso, de ambos os lados, e que o Atlético entrou frio para o jogo, com raça apenas para brigar. Mas não me parece correto dizer que o resultado ficou barato.
Já é até chato dizer, mas, mais uma vez, a arbitragem foi desastrosa. Não pelos pênaltis não marcados - erro que é, até certo ponto, normal em uma partida de futebol -, mas pela forma com que o árbitro Cleivaldo Bernardo conduziu o jogo no aspecto disciplinar. Sabia-se, de antemão, que o Coritiba, até pela notória inferioridade técnica, valer-se-ia de todo o tipo de "anti-jogo" para amarrar a partida. E realmente o fez, sob a total conivência da arbitragem. Durante o tempo inteiro os jogadores "coxas" retardavam o andamento da partida, seguravam a bola para impedir a cobrança de uma falta, jogavam para cima, provocavam brigas, etc: um comportamento autêntico de um time participante do "Peladão da Tribuna".
E, por ter sangue latino, não consigo culpar nossos jogadores por terem perdido a cabeça em determinados momentos. Obviamente, caberia ao árbitro impedir que aquele comportamento do Coritiba se prolongasse, com a aplicação de advertências e cartões, o que não foi feito até o último minuto da partida. Ou seja, durante todo o jogo o Atlético não conseguiu colocar a bola pra rolar! Não há nada mais irritante que você tentar fazer alguma coisa e ser impedido por meios inidôneos. Isto faz o sangue de qualquer um ferver.
É certo que, nos poucos minutos em que a bola esteve rolando, o Atlético não teve competência para finalizar para o gol. Kléberson e Dagoberto (que jogou exausto) fizeram muita falta. Kléber fez o que está acostumado: perdeu um gol de dentro da área, apesar de ter se movimentado bem em sua rápida participação. Alessandro continua muito mal. Ademais, o atual desinteresse do campeão Alex Mineiro é assustador. Há de se dizer, ainda, que o time do Atlético foi inexistente no primeiro tempo, e só procurou jogar depois do intervalo, algo inadmissÃvel para um campeão brasileiro. Mas não hesito em dizer que, com uma arbitragem decente, o resultado seria diverso, já que terÃamos mais bola rolando, menos encenação, e, consequentemente, mais chances de uma vitória atleticana.
O resultado só serve para dar alguma alegria à torcida "coxa", que acaba fechando os olhos para a miséria estrutural pela qual o clube passa, para gozar mais uma contestável vitória sobre o arqui-rival. E assim caminha o futebol paranaense...
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